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andre

Journey

Adoro escrever e compartilhar experiências e pensamentos.

Templo de Sarah

 

 

 

TEMPLO DE SARAH

Guerreiros Espirituais

André Furlan

 

 

 

 

 

 

 

 

SUMÁRIO

LIÇÕES................... 6

PENSAMENTOS.........17

LUTA...............20

PESADELO.........27

AJUDA...........35

PENSAMENTOS..........47

REENCONTRO...............57

ORAÇÃO................67

SARAH............72

RECORDAÇÕES PESSOAIS..........77

SONHO BOM............86

LIÇÕES DE SARAH............90

FILOSOFIA NINJA...........93

SARAH-GUERREIRA NINJA..........95

MAR..................101

A CABANA DE SARAH...........110

TEMPLO DE SARAH.............124

O RESGATE DE ANNE................129

DESENCARNE COLETIVO.............136

BLECAUTE............139

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sobre mim

Há alguns anos fui diagnosticado com esclerose múltipla e hoje em dia sou cadeirante.

Mas sempre senti a proteção e amparo da espiritualidade.

Relato aqui algumas experiências de amparo espiritual.

André Furlan

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dedico este trabalho a todos que me ajudaram e ainda ajudam.

Dedico também a você que está lendo este texto e que, assim como eu, busca respostas e acredita em algo que nossos olhos não veem.

 

LIÇÕES

Com o diagnóstico confirmado de esclerose múltipla fiquei arrasado. Busquei respostas, algo que aliviasse a minha dor.

 

Coisas que aprendi

Como o dia que se compõe do dia e da noite, da luz e das trevas, assim somos... Tendo nosso lado luminoso e nossa sombra.

Olhe-se sem medo. Conheça-se. Descubra pouco a pouco sua selva interna. E conhecendo-se, seja feliz.

Rir dos problemas e perceber que a vida não precisa ser complicada.

Simplifique a vida.

 Simplifique sua casa mental.

Busque as respostas na simplicidade.

Atitudes simples trazem um conforto mental muito grande.

Olhar a chuva a molhar as plantas; o vento remexendo as folhas; as ondas do mar em sua constância e beleza; as formigas carregando uma folha e outras tantas maravilhas da natureza.

E neste estado de calma, revigoremos nosso corpo e espírito.

A liberdade não é um sonho. Está lá do outro lado das grades que nós mesmos construímos.

Você já está livre! E sempre estará...

Onde está o seu pensamento, aí está a sua experiência, o seu tesouro.

Conforme o homem pensar, assim ele será.

Atraímos aquilo que pensamos.

A felicidade não é um objetivo a ser alcançado no fim do caminho

A felicidade é e está no próprio caminho.

Como num mar, em que as ondas vão e retornam, assim é nossa vida.

Devemos aprender com a natureza. Tudo é perfeito, tudo acontece na hora certa.

A estrada da caridade é florida e maravilhosa. Traz-nos bênçãos, aromas espirituais sublimes cheios de amor e felicidade.

Ajude com a sua alegria; Ajude com o seu bom humor; Ajude com uma palavra amiga; Ajude com um prato de comida; Ajude com um sorriso; Ajude com a esperança; Ajude com uma prece; Ajude com o que você tiver; Ajude com o que você quiser; E sinta o amor de Deus em seu coração.

Hipócrates acreditava que o organismo tem capacidade de curar a si próprio e que a doença só surge quando este se debilita, entrando em desarmonia com a natureza.

Para o Dr. Bach, o medo, o egoísmo, o ódio, o orgulho, a ambição, o desrespeito às leis da natureza são as doenças reais, sua presença e persistência é o que permite o enfraquecimento vital e a desarmonia abrindo caminho para as doenças físicas de todos os tipos.

Com base nestas reflexões, Bach compreendeu que é necessário conhecer a individualidade do doente, seu caráter, temperamento, concepções de vida, pensamentos e desejos.

Concordando com célebre fisiologista francês Claude Bernard (1813-1878), que dizia: “O germe não é nada, o terreno é tudo”, Bach entendeu que o germe só pode proliferar quando encontra condições propícias.

Pelos meus estudos, o que impedimos que acontecesse no ambiente anímico-espiritual ao contrariarmos nossos sonhos, desejos, metas, acaba acontecendo no plano vibratório mais baixo: o corpo físico.

A inflexibilidade crônica, pontos de vista morais demasiado rígidos, a não ruptura com modelos antigos podem materializar-se como um trauma ósseo.

Quando podemos nos expandir profissionalmente ou em outras esferas e não o fazemos, podemos multiplicar ações que nos tornariam mais felizes e as negligenciamos, pode, em alguns casos, ocorrer mutações em nosso campo celular, com a expansão celular desordenada, ocasionando o câncer.

Às vezes, deixamos de ouvir nosso interior, onde está gravado o nosso caminho e apenas damos ouvidos aos que vem de fora, nos punindo.

O sistema nervoso, em alguns casos, também realiza esta tarefa de falha de comunicação, doença que os médicos chamam de esclerose múltipla.

 Somos o que pensamos e o que sentimos, pois nossas palavras e atos estão subordinados ao nosso pensamento.

A vida é um eterno refazer-se, descobrir-se, redescobrir-se.

A coragem de renovarmo-nos, a estabilidade emocional, mental social, profissional e financeira são conquistas que fisicamente se revestem em saúde e prosperidade.

Você pode sentir-se solitário estando numa multidão ou sentir-se pleno mesmo estando sozinho.

“O que a lagarta chama de fim do mundo, o mestre chama de borboleta.”

                                                     Wilhelm Reich

 

A pessoa insatisfeita vê o pântano. A pessoa de bem com a vida vê a flor no meio do pântano.

“Mantenham o estilo simples de vida, que é a maneira correta de viver.”

                                                           Dr. Bach

“Uma flor que se abre não faz ruído. Pisando leve, caminham a beleza, a verdadeira felicidade e o verdadeiro heroísmo. Sem ser percebido, surge tudo o que vai perdurar nesse mundo inconstante e barulhento, cheio de falso heroísmo, de falsa felicidade e de beleza fictícia”.

 

“Retomar relações comigo mesmo e como próprio mundo interior”

“Os próprios sentimentos, sonhos e fantasias e seu espaço vital tornam-se tarefa da vida”.

Andar para dentro, autoconhecimento.

“A tarefa de tomar nas mãos a própria vida interna continua sendo possível a se tornar primazia”.

A autoanálise feita com destemor e pacientemente nos mostrará os padrões mentais que estão colaborando com o nosso desequilíbrio.

Buscar o equilíbrio é apressar nossa cura.

Vamos analisar profunda e carinhosamente a nossa doença e confrontando-a com nossas atitudes e pensamentos, vamos chegar à conclusão esperada. Mudando o que está errado, alcançaremos a cura real.

“Temendo o infinito, o homem prático se tranca em um pedacinho da terra e processa segurança para sua vida. É um problema simples a que ele, como cientista, dedica sua vida inteira. É um comentário modesto de que se ocupa como sapateiro. Ele não deve pensar a respeito da vida... Pensar é muito cansativo e perigoso. Ao Peer Gynts é uma ameaça à sua paz de espírito. Seria muito tentador parecer-se com eles...

“Para o indivíduo a ideia de simplicidade voluntária significa uma reeducação de seus hábitos, de modo que ele possa ter uma vida mais rica de significado interior e mais próspera de felicidade. A necessária mudança de paradigma implica o reconhecimento de que o ser humano pode e deve expandir-se infinitamente no plano cultural e espiritual, mas que a tentativa de exagerar na expansão material é uma grave doença.”

“Conseguimos criar uma vida que é rica e estimulante nas suas dimensões estética, intelectual, espiritual e social.”

“... a alma também carrega consigo as faculdades de criar no próprio cosmo orgânico todas as espécies de anticorpos, imunizando-se contra as exigências da carne, faculdades estas que ampliam consideravelmente pela oração, pelas disciplinas retificadoras a que se afeiçoe, pela resistência mental ou pelo serviço ao próximo, com que atrai preciosos recursos em seu favor.”

                                                             André Luiz

“Carreguem a minha carga e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para suas vidas. Porque a minha carga é suave e o meu fardo é leve.” Mateus 11,29-30

                                                         

Não reprima suas emoções. Fale. Grite. Exponha seus pontos de vista!

Conhecer a si mesmo é nossa tarefa de cada dia.

Analisar-se sem medo, reconhecendo nosso lado sombrio.

 

A indefinição e a insatisfação com certeza fazem parte das trevas que existem em nosso intimo.

É como mergulhar numa areia movediça, em que você não consegue se mover. É como aprofundar-se na massa líquida em que nos falta o oxigênio da vida.

A insatisfação mostra nossa sombra interna, nosso medo de nós mesmos. Mostra que somos insatisfeitos com o que exteriorizamos, e não temos coragem de mudar.

O homem preso numa teia de imperfeições, instintivamente confia e, então, uma Força Maior o orienta e ele recobra suas forças em comunhão com seu Criador.

 

O esgoto corre a céu aberto e, seguindo o fluxo natural de todo líquido, encontra o rio. Juntando-se a esta imensa massa líquida eis que, apesar de macular o líquido sagrado, não é desprezado por ele, que o acolhe. Então por um processo quase miraculoso, eis que aqueles dejetos pútridos recebem as bênçãos de depuração e, num breve intervalo, o rio volta a correr com sua pureza original.

 

Onde quer que você vá, pense em seu Criador, pense nesta nova oportunidade de desenvolver-se.

E assim, quando tudo parecer sem nexo acredite que há a pureza imaculada do inicio. Para onde um dia voltaremos e a paz será inalterável em nós.

 

O conflito externo representa o conflito interno Quando todas as guerras cessarem Quando toda fome for saciada Quando todo o vazio interno for preenchido haverá paz E um estado de bênção cobrirá a terra E a Luz do amor voltará a brilhar

Nesta noite as estrelas te falarão sobre o mar de amor que há no universo e que você nem se dá conta.

 

As andorinhas passam em círculos... Olho para a gruta perto de mim Na verdade, eu acho que não são circunferências Acho que elas passam em trajetos aleatórios Quem sabe elas tenham um líder... Não sei Pode ser que cada andorinha tenha a sua liberdade Desde que não colida com as outras Elas passam rasante muito próximo a meu corpo Andando neste imenso bambuzal Todos os caminhos me parecem iguais O vento sopra e sinto um clima de suspense O vento sopra e o bambuzal me diz algo Na gruta penetro o total isolamento Na floresta não encontro a saída.

 

Maravilhoso o espetáculo que a natureza nos mostra. O vento forte leva o pólen e fecundas novas plantas

As flores nos presenteiam com sua beleza e seus aromas penetram no mais intimo de nossa alma e nos fazem recordar coisas, pessoas, amores, num turbilhão de imagens que nos fazem tão bem.

O oceano fala-nos sobre o infinito, sobre o que os olhos físicos não podem captar em sua plenitude.

A minúscula folha se desprende do talo da planta e cai em terreno oscilante e de difícil acesso... Um exército de formigas se destaca e um dos soldados é incumbido de resgatar aquele pedaço de vegetal para as provisões de um inverno... E assim é feito.

Quando estamos em desespero, Anjos do Senhor nos resgatam das trevas de nós mesmos.

 

No meio daquele infinito líquido Minha jangada naufragou Estive orando aos Anjos E ainda assim estive perdido Quem sabe testando minha fé Quem sabe provando minha coragem Quase sem forças e sem esperanças Ainda havia um resquício de crença E no extremo momento da morte O SENHOR me resgatou.

A pior deficiência não é a paralisia física ou a cegueira e sim a falta de amor, compaixão e a falta de comunhão com nosso CRIADOR e com nós mesmos.

...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pensamentos

O pôr do sol...

A montanha trajada em seu verde sem igual. Uma cabana tão simples, porém tão completa e aconchegante. As pessoas que amo...

Neste lindo cenário, eu passo minhas horas a “curtir” cada momento, a admirar cada vez mais a vida e seu Criador.

Gosto de ficar aqui parado a observar o espetáculo natural do cair da noite. Alguns associam o anoitecer à morte; eu gosto de pensar na morte como uma viagem maravilhosa que fazemos para reencontrar lugares, amigos, amores...

Para mim, a morte não passa de uma continuidade da vida.

Foram tantos anos de estudos, meditações, indecisões...

Cheguei a conclusões interessantes sobre a vida, a felicidade.

Parece que quando estamos à procura da felicidade, ela foge de nós como a brincar de esconde-esconde. Porém, quando nos cansamos de complicar a vida, ela aparece e em sua simplicidade nos brinda.

Às vezes, eu me lembro de como eu era complicado, insatisfeito e o tempo que eu poderia ter aproveitado mais e sido mais feliz.

Hoje me satisfaço com coisas como olhar o entardecer, brincar com meu filho e vê-lo crescer e aprender coisas novas.

Cada fim de tarde contemplo a montanha e cada dia que a observo noto diferenças em detalhes que aprendi a apreciar e ver.

As nuvens a decorar o céu apresentam cores, altitudes diversas. Algumas vezes, claras como a neve, outras, escuras, trazendo a tempestade.

Mas depois da chuva pesada, raios e trovões, o céu retorna novamente, azul, como a onda do mar tão linda em seu movimento sem fim.

Apreciar a montanha ao longe é uma tarefa gostosa, mas ir até lá, adentrar a mata já não é nada fácil. Da mesma forma, ao nos olharmos apenas podemos ver nosso lado positivo, mas todos nós temos nossa sombra, nosso lado sombrio. É muito importante nos olharmos sem medo, vermos muitas vezes o que não gostaríamos de ver.

Porém apenas com esse conhecimento interior mais apurado poderemos ser mais felizes e mais completos.

Como o dia que se compõe do dia e da noite, da luz e das trevas, assim somos... Tendo nosso lado luminoso e nossa sombra.

...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LUTA

 

Viver com a esclerose múltipla por mais de vinte e cinco anos não é moleza.

Com dezessete anos embaçou a vista. Tudo bem voltou.

Com trinta, comecei a arrastar a perna. Bengala, andador.

Com trinta e cinco, andador, cadeira de rodas.

Em 2015, quarenta e dois anos, cadeira de rodas, cadeira de banho...

Tenho esposa e um filho que vai fazer doze anos. A gente mora numa casa que eu projetei na época da faculdade de engenharia. Na época antes de ir para a faculdade, passava para ver a obra.

Na minha vida estudei bastante. Minha carreira como engenheiro foi breve, porque não consegui conciliar as obras com a esclerose múltipla e a depressão.

Mas nunca parei. Massoterapeuta, caixa do restaurante da família (continuo indo).

Hoje em dia também escrevo um pouco e componho algumas músicas que pouca gente vai ouvir.

O que ocorreu comigo foi uma mudança drástica em minha vida, pois andava, corria, dirigia meu carro e até fui membro de uma equipe de resgate na selva. Hoje sou empurrado numa cadeira de rodas e comecei também a usar a cadeira de banho há alguns meses. Mas a vida continua. Sou casado e nosso filho está com doze anos. Trabalho como caixa no restaurante da família e continuo escrevendo meus textos.

Sempre que posso passeio com minha família. Shopping, cinema, lugares com acessibilidade. Há duas semanas fomos num parque aquático e até usei a piscina com a ajuda de familiares.

Acho que temos que encontrar uma forma de continuar a vida. Claro que não é fácil e tem momentos que a gente pensa em jogar a toalha, desistir. Mas agora não...

Em um dos surtos da doença ocorreu uma lesão medular, ocasionando uma sequela na locomoção. Ainda não há cura para a esclerose múltipla nem para a sequela motora que ocorreu em mim.

Tudo muda quando a gente para de andar, mas dá para continuar. Apenas temos que acreditar e ir em frente. Mudar a forma de executar a atividade, buscar alternativas e continuar a viver.

Hoje, 18 de dezembro de 2014, eu e a Isabelle completamos quinze anos de casamento. Quando casei andava normalmente, mas depois veio a doença... Mas continuamos casados e cada dia é uma luta a ser superada. Nosso filho Jonatas tem onze anos e é uma forte razão para que eu continue.

Desde o momento em que acordo até a hora de dormir, minha rotina é toda adaptada. Urinol, cadeira de rodas, cadeira de banho, ajuda para levantar,... Minha esposa sempre me ajuda.

Passeio no trem Maria- Fumaça (2014)

Quando temos uma deficiência física tão severa, a gente deve tentar extrapolar limites. Fazer o que almejamos, concretizar! Acho que isto vale para todo mundo, porque geralmente nossa mente que impõe limites.

 

Passeios na Praia

Sempre adorei o mar. Mesmo cadeirante em 2011 fui à Praia do Engenho (Ubatuba, SP) e em 2014 fui à Praia Dura (Ubatuba, SP). Nestas duas praias meus familiares me ajudaram a entrar no mar com a cadeira

 

 

 

 

Mais um dia

Na rua passam poucos carros, sendo uma rua secundária numa manhã de domingo de temperatura agradável.

Duas senhoras passam conversando na calçada, porém os vidros escuros do carro, totalmente erguidos, isolam-me do exterior.

Continuo no interior do casulo metálico, a viajar mentalmente, sendo que sempre o faço. Para o mundo sou um deficiente físico, inválido, incapaz.

 O sol batendo no carro começa a esquentar o interior do carro e começo a sentir o efeito do calor no corpo, sendo esta uma fraqueza para mim.

O problema é que nesta manhã de domingo pareço acreditar nesta negatividade e segregação, pareço perder toda força interior que faz parte de meu ser. Porém sei que a única pessoa que tem realmente que acreditar em mim sou eu mesmo e que sem isto nada pode ser concretizado. Então tento acalmar com meditação e oração minha mente atribulada.

Na verdade sei que nossa vida é luta batalha, guerra e que tendo FÉ a vitória fica mais possível...

Começo então a recordar tantos momentos bons que vivi na época em que andava perfeitamente. Lembro-me de quando participei de uma equipe de resgate na selva e consegui até sentir o aroma das plantas da floresta e a adrenalina de tais missões. ”Carregava até pessoas na mata pela selva”-penso.

“Passei bons momentos, mas quero mais!”, digo em voz alta, sozinho, isolado.

Na realidade sempre busco alternativas para viver da forma mais independente e plena possível. Uma doença neurológica me deixou com sequelas motoras que limitam minha locomoção, sendo esta realizada com o auxílio do andador dentro de casa ou, cadeira de rodas, na rua ou outro ambiente.

Sempre busco alternativas, terapias para tratamento, mas sempre escuto o mesmo: ”Esclerose múltipla não tem cura.”.

Faço questão de que minha limitação motora não seja um fardo para minha mulher, nem limitação para meu filho.

Muitas pessoas que conheço sucumbiram devido a problemas, doenças, que os levaram ao desânimo e ao abandono de suas metas, seus planos.

Há alguns anos, passei pelo “vale da sombra da morte”, tendo vivido uma depressão que quase me fez perder a FÉ e abandonar tudo.

Porque a depressão faz você viver num inferno, na tribulação, como andar num deserto sem água, em um labirinto sem saída.

O que hoje eu acredito é que quando a gente acredita em mudanças, em possibilidades “aparecem” soluções inesperadas, mesmo em casos considerados impossíveis. O universo conspira em nosso favor e o que antes não tinha solução torna-se possível.

O fato de não andar direito, de ser empurrado numa cadeira de rodas às vezes me deixa desanimado.

Sempre duvidando, até de mim mesmo, sempre não tendo a coragem necessária para lutar até a plena realização das atividades... Preciso cada vez mais mudar este destino tão sombrio, preciso do sol da manhã, sua luz e calor.

Vou buscar viver com a alegria possível; quero que as pessoas não me olhem com pena, mas vejam em mim algo de bom, de positivo. Quero que percebam a energia que vibra em meu ser, não o coitado do cadeirante.

Por outro lado decidi viver... Lembro-me daquela semana que foi confirmado que eu sofria de uma doença incurável chamada esclerose múltipla. Eu casado há pouco tempo e com um filho recém-nascido.

Foi terrível o sentimento de morte e solidão interior que vivi. Mas naquela semana mesmo decidi viver e lutar até onde minhas forças aguentarem.

Aí comecei a pensar no futuro incerto, no casamento, na esposa jovem demais para carregar tal fardo, no filho pequeno que vai querer jogar futebol, no dinheiro,...

Acho que pensando assim expando minha mente, numa realidade tão limitada em meus movimentos físicos. Mas mesmo assim faço algumas coisas: trabalho como caixa no restaurante, escrevo um pouco, brinco com meu filho.

Fazia tempo que queria passear na Maria-Fumaça. Mas sempre ficava aquela dúvida sobre ser adaptado para cadeirante. Venci toda aquela inércia e ligando para o escritório da Maria-Fumaça na Estação Anhumas fiquei sabendo que eles colocavam uma rampa para a cadeira-de-rodas subir no trem. Fui... Foi um passeio maravilhoso, junto com minha esposa e o Jônatas, meu filho. Também foram minha mãe, irmã e o Paulo, cunhado.

Quando temos uma deficiência física tão severa, a gente deve tentar extrapolar limites. Fazer o que almejamos concretizar! Acho que isto vale para todo mundo, porque geralmente nossa mente que impõe limites. O que ocorreu comigo foi uma mudança drástica em minha vida, pois andava, corria, dirigia meu carro e até fui membro de uma equipe de resgate na selva. Hoje ando alguns passos dentro de casa com o apoio do andador ou sou empurrado numa cadeira de rodas quando estou fora de casa.

Em um dos surtos da doença ocorreu uma lesão medular, ocasionando uma sequela na locomoção. Ainda não há cura para a esclerose múltipla nem para a sequela motora que ocorreu em mim.

Tudo muda quando a gente para de andar, mas dá para continuar.

Mas tem dias que minhas forças e fé parecem desaparecer. Meus sonhos refletem minha intranquilidade.

 

PESADELO

Como num sonho ou um portal para uma dimensão paralela, comecei a ver cenas numa definição mais elaborada do que o televisor mais avançado que existe.

Tudo escuro. De repente, como no cinema, a transmissão começa...

A partir de agora relato os fatos num tempo presente, pois aqui espaço e tempo interagem, numa dimensão superior à nossa.

Saindo de um tipo de turbilhão estou num terreno fétido e escuro. Apesar da pouca luminosidade, posso ver nesta penumbra seres que rastejam penosamente neste lodo pútrido. Sinto aqui todo desespero de uma alma desesperançada, o supremo exílio de náufrago eterno. Aqui parece só haver solidão e dor. Súplicas inaudíveis dos caídos nos abismos da depressão, lamúrias dos que perderam a fé...

Aqui também estou no rol dos rastejantes aflitos, sofredores sem saída...

Por quantas vezes em que não via saída para sofrimentos da vida, nem alegria em momentos de dor...

Nossa vida, um caminhar à procura de felicidade e respostas para nosso vazio, para nossa insatisfação crônica...

O turbilhão me leva a lugares e situações marcantes. Cada etapa de minha vida, cada indecisão, lágrimas que derramei, traumas...

Cada momento, uma lição, aprendida ou não... Inquieto, me movo lentamente em minha limitação física. Agarro-me a fatos, mas sou escravo de momentos lúgubres. O turbilhão sacia minha passividade e acelera a velocidade de momentos vividos.

Vivencio momentos singulares; frequento situações de épocas remotas e históricas. Para recordar ou aprender? Não sei. Mas garanto que cada momento traz emoções vívidas. Prazer, riso, lágrimas, dor...

Agora viajo por um terreno sem vida. Tudo parece morto e vazio. Minha mente parece sentir a mesma coisa, numa depressão profunda. Parece que nada mais faz sentido e não há saída aparente. Gostaria de sair logo daqui... Lugar fétido e sujo, em que afundo os pés numa lama escura e pegajosa. O problema é que às vezes me sinto deste jeito... A deficiência física parece vencer-me em certos instantes... Tem momentos em que o fato de quase não poder andar suprime a alegria de viver...

Analisando fatos e tempos, observo a constância de minha busca; contemplo e sinto no turbilhão a procura infinita por respostas impossíveis de se encontrar. Quem sabe a vida seja um eterno buscar respostas que apenas não pertencem a agora ou aqui.

Sozinho, neste momento, interajo com energias e pensamentos. Solitário, posso ver-me, consigo acessar informações escondidas nos porões de minha mente. Por vezes, penso no sentido de minha vida agora como deficiente físico e sempre encontro um milhão de motivos, porquês... Só que às vezes meu espírito se entristece com a limitação física. Espírito livre, cavalo selvagem, quero correr, quero voar.

Sou levado então a uma sala totalmente escura e fria, onde posso ouvir gemidos de dor. Não é possível ver coisa alguma, porém trata-se de um ambiente conhecido embora não consiga definir nada. Começo depois de algum tempo a entender que local é este: trata-se de minha mente, de meu interior em momentos de sofrimento interno, momentos em que não encontrava saída, motivos, nem paz. Tem vezes que por mais que tentasse me acalmar, nada adiantava e apenas queria me isolar e é para estes instantes que o turbilhão me leva: para as profundezas de minha alma. Não me recordo de ter ido a um lugar tão triste e escuro. Mesmo minha experiência na floresta escura me mostrou um lugar tão ermo...

O frio da alma não pode ser comparado ao frio ambiente.

No ambiente lúgubre de minha mente nem a luz dos anjos entravam, pois minha dor era tanta que impossibilitava qualquer ajuda externa. Quanto tempo durou? Não posso precisar, o tempo tem suas leis e não consigo definir a duração deste pesadelo real, em que às vezes me sinto.

Mas sei que até nestes momentos de profunda dor e desespero há ajuda esperando, embora por vezes inacessível...

Sinto-me por vezes como um mendigo sentado na porta de uma igreja ou templo aguardando a caridade alheia. Até quando sofrer esperando uma ajuda já tão presente e real? Quando alcançar uma paz sempre tão acessível, embora distante, trancada pelos portões da ilusão? Às vezes a vida é como estar num mar revolto, onde ondas gigantes tragam-me e afogam sonhos e metas. É um eterno nadar em meio à tempestade buscando a ilha da paz, inacessível e distante, uma busca externa sem fim por algo interior tão próximo, porém tão impossível de ser alcançado.

Neste ambiente ermo me vejo num momento tão triste e vazio. Até quando isto vai durar?

Nesta tarde fria de agosto,

Choro em meu quarto.

Choro por sentir o gosto do medo

A atormentar minha alma.

Será este pavor infundado,

Provocado por alucinações?

Não se sabe ao certo...

Sabe-se que o medo

Com ou sem fundamento

Corrói nosso ser

Tolhe-nos, nos poda,

Leva-nos ao desespero.

 

...

 

Pode-se sentir no quarto o calor produzido pelo bater do sol nas janelas e paredes. O sol, este astro poderoso, nos traz novas energias e até as doenças perdem intensidade com o seu surgir.

A prudência é o único medo que deveríamos manter em nosso íntimo. Pavores outros nos prejudicam, tornando-se criações mentais perigosas.

O sol tem muitos poderes. Até o medo se curva ante sua presença. Mas ainda sinto medo.

 

                   

Uma Mente em Desequilíbrio

Na escuridão da noite de lua nova, percorro vários caminhos.

Um deles me leva a um antigo casarão.

Sozinho naquela imensa habitação sinto frio e medo.

Uma tempestade se avizinha.

 

Reflexão

Há momentos em que parece

Que você tem tudo

O que você sempre quis

De repente, numa fração de segundos.

Você já não tem nada.

Será a felicidade assim tão efêmera,

Como o apagar de uma luz?

...

Acordo esgotado. Este pesadelo tão real esgota ainda mais minhas energias. Agora dia a dia clamo por ajuda.

 

 

 

 

 

 

 

 

Ajuda

 

Passeio no Bosque Espiritual

Noite.

Um bosque maravilhoso.

A luminosidade da lua cheia me permite ver.

Sei tratar-se de um ambiente espiritual. Meu corpo físico repousa distante, mas estou aqui passeando sem ele.

Com a cadeira de rodas me locomovo lentamente. Estou aqui aparentemente só. Nem aqui no mundo espiritual consigo andar. Não vejo como sair daqui sem ajuda.

O aroma vindo das flores é delicioso. Pássaros de todas as cores cantam harmonicamente. Não sinto medo neste bosque pacífico.

O tempo passa e a noite avança. Como vou sair? Agora, braços cansados, mal consigo movimentar a cadeira de rodas.

Então vejo próximo a mim um banco de madeira e uma mulher sentada.

Uma linda mulher usando um vestido longo branco. Uma energia de muita paz emana dela. Sinto-me bem...

- Oi! - digo apenas.

Ela então olha para mim e sorri.

Então acordo e me sinto bem, me lembrando do passeio espiritual.

...

Adormeço e novamente meu espírito é levado ao bosque da outra noite.

Agora vejo uma cabana e noto que bem próximo tem uma lagoa que parece ser de água quente pelo vapor que sai.

Percebo que ela está do meu lado e sorrindo me diz:

- Vamos entrar na lagoa térmica medicinal?

Logo penso na impossibilidade de tal ação. Será que ela não percebe que sou cadeirante?

- Não consigo fazer isto... Mas obrigado. - digo meio chateado.

Então ela segura minhas mãos e me levanta com facilidade. Olha então para a cadeira de rodas que imediatamente fica em chamas e logo se reduz a cinzas.

- Aqui você não vai usar isto. Pelo menos não comigo. - ela diz sorrindo.

Então ela tira suas roupas e as minhas e segurando minha mão caminha em direção ao lago.

Logo começo a pensar que sou casado e ela para e me diz, parecendo ler minha mente:

- Cada ideia! Aqui sou sua terapeuta! Vamos apenas entrar nas águas medicinais.

Com a energia e autoridade de um anjo me coloca dentro das águas medicinais. Sinto-me muito bem e acordo revigorado.

...

Novamente me encontro no bosque. Noite de lua cheia.

Ela sentada num banco de madeira parece me esperar.

Brisa suave e aroma da dama da noite deixam o ambiente mais agradável.

Ela resplandece em seu vestido azul. Ela tem uma energia muito boa e amorosa. É um anjo enviado por Deus para me ajudar.

Neste local hoje consigo andar e estou sem a cadeira de rodas. Ando até ela e digo:

- Obrigado pelo banho medicinal. Ainda não sei o seu nome.

Ela olha para mim. Seus olhos verdes brilham e parecem ter chamas. Absorta em pensamentos parece meditar profundamente, parece viver agora uma realidade paralela. Depois de algum tempo parece voltar para nossa realidade. Ela sorri e diz:

- Sou a Senorita Muerte. Não tenha medo. Quero ajudar você.

...

Outra madrugada e novamente em espírito me encontro no bosque.

Ela sentada no banco ouve os pássaros cantar. Ela tem uma energia especial, muita luz e sua presença impõem respeito e admiração.

- Oi André! Tudo bem?

Respondo que estou bem e me sento na grama próximo a ela.

- Hoje tem festa lá na cabana do JJ.

Ela diz parecendo aguardar que eu diga algo.

- Por que vai ter festa?

- Um amigo do JJ desencarnou e vai passar um tempo por aqui. -ela responde.

- Bom. Vou até a minha cabana me aprontar para a festa. Venha!

Andamos um pouco pelo bosque e chegamos à cabana da Senorita Muerte.

Nesta cabana simples e aconchegante cheia de aromas deliciosos aguardo na sala, enquanto esta mulher angelical toma banho e se troca.

Então vamos até a cabana do JJ e vemos sua felicidade pela chegada do amigo.

,

Nesta noite fria novamente me encontro naquele lindo bosque espiritual. O aroma das plantas e o som vindo das águas da cascata próxima tornam ainda mais agradável o local. Parece cenário de um lindo filme!

Aqui consigo andar normalmente! No mundo físico sou cadeirante...

A Senorita Muerte num vestido longo vermelho olha para mim e me convida a tomar chá na mesa da varanda de sua cabana. As pessoas também se alimentam aqui.

- O chá está gostoso?

- Está ótimo! - respondo.

Antes que eu começasse a perguntar...

- Eu moro aqui sozinha. Trabalho no bosque como terapeuta.

Depois ela parece se tornar outra pessoa e agora carrancuda diz:

- Também sou a morte! Vim buscar você!!!

Fico branco e penso que é meu fim.

Nisto ela começa a rir e diz:

- Estou brincando, André!!!

Então ela me abraça até que me acalme... Ela tem uma energia muito boa!

- Já vi que aqui você se alimenta, tem onde morar, trabalha. Posso fazer uma pergunta?

Percebo que ela já sabe o assunto da pergunta e diz que posso perguntar.

- Existem relações íntimas, sexuais?

- Por que a pergunta?

Então ela coloca as mãos em mim e me olha insinuante. Acho que está brincando... Fico vermelho...

- Só curiosidade - digo.

Então ela volta a tomar seu chá, sorrindo. Pergunta respondida...

...

Gosto de vir neste bosque espiritual. Sinto-me bem e quando acordo em meu corpo físico estou revigorado. Aprendo muito sobre a continuidade da vida. Aqui tem casa, comida, trabalho, amizade, plantas, pássaros e outras coisas. Conversar com a Senorita Muerte é muito agradável. Ela é um espírito bondoso que ajuda as pessoas e que tem me ensinado bastante e me ajudado com sua energia positiva e banhos medicinais. A cabana onde ela mora é rústica, porém muito agradável limpa e cheirosa. Agora ela está regando alguns vasos de violeta azul em sua varanda. Ela percebe que estou olhando e sorri para mim. Vou ajudá-la então a regar as plantas.

Ela sempre parecia estar feliz. Mas esta noite noto que ela está mais introspectiva, calada. Penso em quem sabe estar atrapalhando ou não respeitando sua privacidade.

- Você quer ficar sozinha? Quer que eu vá embora? - pergunto.

Ela então para de podar aquela planta da entrada da cabana. Olhando agora para mim, sorri e diz:

- André, vou te perguntar uma coisa. Você está feliz todos os dias? Não tem horas em que você está mais fechado, pensativo?

- Claro que sim! Sempre fico assim...

- André, preste atenção no que vou te dizer. A saudade, melancolia e outros sentimentos não são exclusividade do mundo físico. Aqui a gente também sente!

Noto que a senorita muerte pode ter recordado de alguém que amou e que está distante. Mas não vou perguntar nada pessoal para ela.

- Posso abraçar você? - pergunto respeitosamente.

Ela não responda com palavras, mas vem e me abraça forte.

Olhos lacrimosos, olha para mim e sorri.

...

Percebo que neste bosque espiritual com a Senorita Muerte aprendo muito observando a vida e sua continuidade. Noto que não estou ali para ficar perguntando sobre detalhes da vida espiritual e que aprendo com esta vivência que me foi concedida. A Senorita Muerte para mim é muito mais que uma terapeuta, sendo uma grande amiga, um anjo enviado por Deus para me ajudar a superar uma vida física com tanta deficiência, sendo cadeirante e com uma doença neurológica incurável e degenerativa. Ela então diz que é hora do exercício. Com uma roupa de ginástica, começa a executar movimentos parecidos com o Tai Chi.

- Perceba, André, que durante os movimentos, eu respiro bem suavemente e me concentro no exercício.

Tento prestar atenção no exercício e não na beleza daquela linda mulher.

- Agora é sua vez! Acompanhe-me!

Então repito aqueles movimentos e percebo que me fazem muito bem.

...

Sento-me no banco do bosque espiritual aguardando a Senorita Muerte. Entenda que não são todas as noites que é possível que ao dormir posso ir ao bosque espiritual. O referido bosque é um lugar de muita paz e tenho que estar numa boa sintonia para que possa visitar este lugar e conversar com a Senorita Muerte. Ela e outros bons espíritos sempre estiveram presentes em minha vida, me auxiliando espiritualmente, porém quando estive atribulado e descrente não puderam estabelecer contato direto, me auxiliando à distância.

...

Muitas pessoas que conheço sucumbiram devido a problemas, doenças, que os levaram ao desânimo e ao abandono de suas metas, seus planos.

 

Há alguns anos, passei pelo "vale da sombra da morte”, tendo vivido uma depressão que quase me fez perder a FÉ e abandonar tudo.

 

Porque a depressão faz você viver num inferno, na tribulação, como andar num deserto sem água, em um labirinto sem saída.

Amigos do mundo espiritual sempre me ampararam para continuar a caminhada.

Lembro-me de um dia em 2002, acho. Neste dia fiquei sabendo que tinha esclerose múltipla. Maior barra. Deu vontade de largar tudo, evaporar, desaparecer. Nesta semana ela chorou também... Foi conversa atrás de conversa... Como fica o futuro, casamento, filho chegando... Falei para ela que isto não era justo... Que eu nem pisava nas formigas para não machucá-las... Ela só ficou me olhando, triste... Ela me disse que não tinha essa coisa de justo... As coisas acontecem e pronto! Ou você luta e vai em frente ou desiste de tudo... A opção era minha... Espiritualmente sempre próxima me amparou.

...

ANJO

Vejo na penumbra a imagem um tanto quanto enevoada de uma mulher sorridente emitindo uma luminosidade bastante salutar.

- Oi, André! Vim trazer um pouco de paz ao teu coração.

E me percebendo estático, não por medo, porém sem entender a aparição, a entidade de luz diz para acalmar-me:

-Sou eu, a Senorita Muerte! Sua protetora!

É claro que espiritualmente a conheço muito bem, porém devido ao corpo físico, os sentidos espirituais são bastante diminuídos.

-Anjo amigo, às vezes não suporto mais! Tudo mudou, quase não ando mais! - digo.

E nada mais diz. Apenas emite uma energia de muita paz e amor.

Então acordo revigorado.

....................................................

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PENSAMENTOS

Oração ao Entardecer

Pai Amado que contém o Universo,

Presente na luz e nas trevas,

Pai que nos ama e não oprime o fraco na Fé,

Não exalta o forte no conhecimento.

Ainda que o Senhor contenha tudo e todos

Abençoa o que é humilde e simples de espírito

Abençoa-nos, ainda que mergulhados na sombra de nossos enganos.

O Senhor que é Luz na luz

O Senhor que é Luz nas trevas

Tua Luz que não se macula no lodo

Tua Luz que não humilha o pequeno

Invada meu ser e fazes luz em minha escuridão...

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Enigmas

Há enigmas na vida

Para os quais tentamos encontrar

Respostas coerentes.

Cremos que para tudo

Haja uma causa originária

Mesmo que esta causa

Esteja situada num tempo

Que nossa mente não possa vasculhar.

Às vezes certas coisas parecem sem sentido

Outras nos parecem injustas,

Pois analisamos os fatos

Apenas com nossa visão limitada

Que não vasculha o passado,

Um passado às vezes longínquo

 

E muitas vezes doloroso,

Cheio de enganos e erros

Mas tenhamos calma.

Somos viajantes do tempo,

Somos aprendizes do amor

A dor e o sofrimento

São remédios que usados

Sem revolta ou desespero

Vão trazer a cura

Para nossas chagas espirituais.

 .................................

 

 

 

 

 

 

 

 

Natal de 1993

 

Desejo realmente uma mudança

Quero que se dê valor às coisas certas

Sim, pois ainda nos resta a esperança.

Acorda irmão! Por favor, desperta!

Desperta, ainda que sob o peso do cansaço.

Acaso não sabe tudo o que Jesus fez?

Lembre-se dele e modifica teus passos,

Neste Natal de 1993.

Conflitos, dúvidas... Amparo espiritual.

 

 

Sombras

Mais do que a névoa vespertina ou a escuridão da noite, existem as sombras na alma a trazer a penumbra a quem voluntariamente insiste em pensar, falar ou fazer o mal ou por outro lado, aqueles que desistem de lutar.

Sempre que pensamos coisas negativas, as sombras nos circundam numa espécie de ligação energética negativa, em que tais forças afins alimentam-se.

Por que às vezes um vazio toma conta de nós, mesmo quando tudo segue bem e nós conseguimos o que nós mais queríamos? Por que pensamentos de morte, ciúme, suicídio e abandono às vezes povoam nosso campo mental?

No plano do espírito, os pensamentos têm força, cor, cheiro e forma.

Nossos pensamentos de amor e carinho fazem com que se aproximem de nós forças positivas, criando um halo de cores claras a nos envolver e um aroma melhor do que o dos melhores perfumes.

Apenas mantendo um padrão vibratório bom posso visitar o bosque espiritual e conversar com a Senorita Muerte...

.............................

 

O amanhecer é nosso nascimento.

O passar do dia é nossa vida.

O entardecer é o término desta jornada.

A noite é a morte, a passagem.

O novo amanhecer é a continuidade, é a nova morada que nos aguarda...

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Cura

Eis que a cura virá quando despertar em mim a TUA palavra e eu aprender a viver sem as mágoas em mim há tanto instaladas... Então o CÉU sem demora abrir-se-á, ecoando em mim TUA paz e TEU amor...

Neste tempo então surgirá em meu céu, já há tanto obscuro, uma LUZ INFINITA... Anjos cantarão aleluias e salmos e a felicidade então em mim fará morada sem fim...

Esqueci-me de mim e contrariei TEU ensinamento que manda amar-me para amar meu próximo...

TU permitiste que eu adoecesse para que aprendesse coisas que na saúde não poderia entender... Hoje me sinto muito mais forte interiormente...

Eu tinha muito medo e os venci pela dor, que me ensinou que TU és poderoso e sou TEU protegido!

Só quero dizer-TE...

OBRIGADO!

 

 

 

Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda.

Isaías 58:8

 

 

 

 

 

Momentos

 

Momentos de angústia... Momentos de aflição e de dor...

Entre a fé e o pecado, entre a esperança e a desilusão.

Há dias de intensa luta, dias de intensa sombra,

Momentos de intensa apatia, sem forças para ação.

Nestes instantes lembro-me...

Lembro que DEUS me deu, acima de qualquer penar,

A FÉ que me guarda e ensina a nunca desanimar!

Por trás da noite de espinhos, da provação vexatória,

Quem sabe não esteja no alvorecer da vitória?

Por isto, sigo e não temo... Que nada me faça fugir...

Quando tudo seguir mal, a hora é de resistir!

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VIAGEM MARCADA

 

Vou fazer uma viagem,

Não sei dia, hora ou lugar.

O destino é incerto

Assim mesmo vou viajar.

O que há pelo caminho?

Não sei dizer...

Labaredas, anjos, nuvens, harpas?

Só saberei quando passar.

Ansiedade, medo

Alegria, tristeza...

Nada sinto, vou esperar.

Viagem longa. Viagem distante.

No fim de um ciclo...

CONTINUAR...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Reencontro

Faz muito tempo que não visito o bosque espiritual e converso com a Senorita Muerte. Tenho que estar com a mente em paz para poder ir até lá. Tantos problemas e desarmonias me separaram do bosque espiritual e de minha amiga. Mas agora esta noite pude voltar.

- Oi, André! - ela diz contente.

Também estou muito feliz por estar ali com ela. Reencontrar amigos verdadeiros é muito bom!

Ela rega as plantas da varanda de sua cabana e vou ajudá-la.

- Minha avó veio morar aqui comigo! - ela fala eufórica.

Acho bom para ela! Morava sozinha na cabana. Agora vai ter a companhia da avó. A Senorita Muerte está linda como antes! Ela transborda paz e alegria!

...............

 

O APARELHO das RECORDAÇÕES

- Venha comigo André. - ela diz.

Andamos pelo bosque espiritual e passamos por uma capela muito bonita. Chegamos numa sala onde o vigilante permite nossa entrada. Nesta sala tem um equipamento parecido com o aparelho de eletroencefalograma que os médicos usam. Será que ela vai fazer exames em mim? - penso.

- Sente - se nesta cadeira. Vou ligar uns fios em você.

- Você vai fazer eletroencefalograma em mim?- pergunto.

Ela sorri e diz:

- Não. Este é o aparelho das recordações.

Sem maiores explicações liga o aparelho.

A Senorita Muerte começa então a operar o aparelho das recordações. Liga alguns fios em mim e mexe em alguns botões da máquina.

- Agora olhe na tela fluídica bem em sua frente.

Então naquela tela começa a aparecer cenas da minha vida.

Vejo cenas do meu nascimento e da minha infância, imagens do meu casamento e do nascimento do meu filho.

Depois começam cenas de quando a esclerose múltipla começou a se manifestar. Primero o embaçamento do vista esquerda e anos depois a dificuldade na locomoção. Vejo cenas tristes de quando sofria com a depressão.

Nesta manhã fria e ensolarada, duas polaridades contrapõem-se, deixando um rastro frio de desgosto.

Folhas caem neste outono, lágrimas brotam em meus olhos cansados e oprimidos por minha mente que procura uma saída.

Reclamar para quem? Reclamar por quê?

Sou um, mas pareço dois, numa bipolaridade insuportável e fria como um velório num dia chuvoso.

Caminho na areia da praia de Ilha Comprida, manhã ensolarada, dia linda, sem nuvens. Este cenário não muda minha mente triste, depressiva. Caminho neste ambiente paradisíaco, porém mergulhado num labirinto mental de imagens confusas. Por que não posso apenas ficar feliz neste momento? Lembro-me bem da nuvem, da areia.

Entro um pouco no mar e penso:- Por que não me engole? Acaba logo com isto! Vem uma marola e deixo meu corpo flutuar...

Revejo então o diagnóstico confirmado de esclerose múltipla e interessante é que além dos encarnados posso ver na cena na tela fluídica espíritos amigos a me ajudar, inclusive a senorita muerte. Vendo esta cena ela começa a chorar. Então a Abraço e digo que estou bem. Depois de alguns minutos continuamos a ver as cenas. Vemos agora o momento em que chegou a minha handbike. Incapaz de pedalar pesquisei e comprei um triciclo em que pedalo com as mãos, a handbike.

- Que bonitinho! Parece uma criança esperando o presente de natal! - ela fala isso e aperta minhas bochechas.

Depois de vermos muitas cenas de minha vida, voltamos para a cabana e logo retorno para meu corpo físico.

Na noite seguinte ela me diz que vamos passear e fala para segurar firme em suas mãos. Então voamos até minha casa física. Entramos na casa e vemos minha esposa e filho adormecidos.

Logo após retornamos ao bosque espiritual.

- Você tem uma família muito bonita! - ela diz.

- Obrigado!

- Sua esposa ama muito você e seu filho é lindo!

- Muito obrigado!

AMIZADE ANTIGA

- Saiba que nos conhecemos há muito tempo. Você não se lembra, mas somos amigos e parte de uma família espiritual há milênios. - ela diz.

- Posso dizer uma coisa? - falo.

- Diga.

- Você tem um nome?

- Claro. Meu nome é Ivy! Senorita Muerte é só uma brincadeira com você!

- Prazer em conhecê-la, Ivy! - digo brincando.

Ela sorri e me convida a conhecer a capela que vi outra noite. Andamos pelo bosque e depois de algum tempo chegamos à linda capela estilo barroco.

- Esta capela foi presente para a nossa comunidade de um grupo de franciscanos há muito tempo. Mas aqui não seguimos nenhuma religião terrena. Cremos em Deus e oramos sempre no bosque.

 ...

 

PROTEÇÃO

Pelas cenas de minha vida que pude ver no aparelho de recordações, nunca estive só em meus momentos de dificuldade. Acredite! Sempre temos ajuda em nossos momentos de angústia e a dor. Não vamos esquecer de que a fé é um fator determinante em nosso sucesso.

Passeando no bosque espiritual pude ver a vida continuando e o reencontro com entes queridos. A Senorita Muerte para mim é mais que uma grande amiga! Ela é também minha protetora!

A vida começa a ter muito mais sentido com a certeza da imortalidade. Acreditar na vida sem fim me fortalece! Crer que vou reencontrar e conviver com quem amo alegra meu coração, me dá forças para continuar...

...

Espíritos amigos ajudam nossa caminhada. Temos nossa carga, nossos problemas e ninguém pode passar pela gente. No mundo temos o amparo de quem convivemos e do além vem ajuda de amigos do outro mundo.

Ivy, amiga de longa data, não pode eliminar meus problemas, mas me ajuda a ter forças e não desistir.

- Ivy.  Às vezes eu queria ficar por aqui.  Ter minha cabana, andar, correr... No mundo, eu já quase não consigo andar...

Por alguns instantes ela fica pensativa. Agora olha para mim e diz seria:

- André, nós somos amigos há muito tempo e conheço bem você.  Você sabe muito bem que tudo tem seu tempo e que seu lugar agora é no planeta, encarnado. Tudo tem sua hora e você tem condições de concluir sua jornada, mesmo tendo deficiência física. O desencarne tem seu momento certo e antecipar isto traria mais sofrimento e dor. Tenha calma e agradeça toda ajuda que você tem.

Sorrio e agradeço pelos conselhos que Ivy me deu.

 ..................

Com o corpo físico adormecido, novamente estou aqui no bosque espiritual. Ivy, a Senorita Muerte está próxima à lagoa de águas medicinais.

- Tudo bem, André? Hoje temos tratamento com águas medicinais! Vamos entrar na lagoa?

Lembro - me da primeira vez que entrei nesta lagoa. Ivy me despiu e ajudou. Nesta época até aqui eu era cadeirante! Hoje em dia aqui no bosque espiritual ando e corro normalmente, mesmo sendo deficiente e cadeirante no mundo físico.

Então nos despimos e entramos nas águas medicinais.

...

Nesta noite Ivy trabalha comigo alguns exercícios respiratórios estilo chi kung. Todo tratamento que recebo aqui no bosque espiritual reflete positivamente no meu corpo físico. Percebo que no mundo estou com mais energia e um pouco mais de paz interior, mesmo sendo cadeirante lá.

- Ivy, a vida aqui no bosque espiritual é de muita paz. Mas percebo que mesmo vocês vivendo aqui tem seus momentos de melancolia e dor.

Ela sorri e responde afirmativamente com a cabeça.

- Continue o exercício, André. Tem feito bem para você!, ela diz.

Depois que terminamos o chi kung, sentamos no banco próximo. Pássaros cantam neste bosque perfumado pelas mais diversas flores.

- André, como no planeta temos regiões tristes ou bonitas, sentimos alegria ou tristeza. Não tem milagres, é apenas a continuação da vida! E você sabe muito bem do que estou dizendo.

Sorrio e me lembro do que estudei sobre a espiritualidade e dos diálogos que tive com desencarnados quando fui dialogador no centro espírita que participava. A vida espiritual é realmente a continuidade da vida física.

A Ivy me conhece muito bem e sabe do fascínio que sinto pelo mar. Nesta minha nova visita ao bosque espiritual ela me diz que iremos conhecer um lugar que vou gostar muito.

- André, não dá para ir andando para este lugar. Segure firme minhas mãos e vamos voar para lá.

Passamos voando por bosques, rios, vales, casinhas em montanhas e por algumas pequenas vilas, onde pessoas caminham tranquilas. Depois passamos por uma floresta muito bonita e logo avisto a cena mais linda que vi naquele mundo: o mar. Águas azuis e límpidas, ondas espumantes e na praia, lindos e enormes coqueirais.

O lugar e´tão maravilhoso que emocionado, lágrimas escorrem pelo meu rosto.

Então descemos na praia deserta e linda. O som das ondas me faz bem e olhar tamanha beleza é um bálsamo para minha alma.

- André, estas águas são remédio para você. Vamos!

Sem delongas nos despimos e caminhamos pela areia morna até as águas do mar.

- Posso nadar? - pergunto.

- Tente me acompanhar! - Ela responde já nadando naquelas águas tonificantes.

 

Tribulação

Muito tempo se passa sem que possa visitar Ivy. Atribulado não consigo ir ao bosque espiritual. Nada atrapalha mais a nossa saúde do que a mente atribulada, insatisfeita e sem paz. Mesmo para ter a companhia de Ivy, minha amiga espiritual, tenho que mudar meu padrão vibratório. Adormeço... Agora viajo por um terreno sem vida. Tudo parece morto e vazio. Minha mente parece sentir a mesma coisa, numa depressão profunda. Parece que nada mais faz sentido e não há saída aparente. Gostaria de sair logo daqui...

Lugar fétido e sujo, em que afundo os pés numa lama escura e pegajosa. O problema é que às vezes me sinto deste jeito... A deficiência física parece vencer-me em certos instantes... Tem momentos em que o fato de quase não poder andar suprime a alegria de viver...

Na noite seguinte adormeço e prisioneiro de minhas lamúrias e espiritualmente mergulho num lugar escuro e fétido. Inicialmente penso estar só, mas começo a ouvir gemidos de dor e sofrimento.  Apesar da pouca luminosidade, posso ver nesta penumbra seres que rastejam penosamente neste lodo pútrido. Sinto aqui todo desespero de uma alma desesperançada, o supremo exílio de náufrago eterno. Aqui parece só haver solidão e dor. Súplicas inaudíveis dos caídos nos abismos da depressão, lamúrias dos que perderam a fé... Acordo esgotado em meu corpo físico.

Oração

Após alguns meses orando fervorosamente à noite me acalmo e consigo sentir a energia salutar de Ivy, minha amiga e benfeitora espiritual.

Ivy diz que vai me levar a um lugar sagrado onde vive uma amiga chamada Sarah.

Na cadeira de rodas mal consigo mover os braços. Ivy me diz que neste momento preciso de um novo tratamento para que possa melhorar. Há algum tempo eu conseguia andar no bosque espiritual, mas agora até aqui uso cadeira de rodas. Segundo Ivy meu espírito atribulado desequilibrou totalmente minhas energias sutis.

Noite fria no bosque espiritual. Ivy me segura firme e voamos durante algum tempo. Passamos por bosques e mares. Chegamos então numa ilha maravilhosa, onde vive, segundo Ivy, sua amiga Sarah.

Ficamos algum tempo esperando Sarah. Lugar maravilhoso. Bosque colorido e podíamos ver a praia. Também tem perto de nós uma lagoa com águas cristalinas. Vejo então uma linda mulher nadando nesta lagoa. Ela vem para a margem, sai da lagoa, se enxuga e coloca suas roupas, pois estava nua. Que mulher linda! Ivy percebe que a visão daquela mulher praticamente me hipnotizou...

- Vamos, André. Venha conhecer Sarah. - diz Ivy.

Ela então empurra a cadeira de rodas até aquela mulher que saiu da lagoa e acabara de se vestir. Entendo que ela deve ser Sarah...

 Ivy abraça aquela moça, que fica muito feliz.

- André. Conheça Sarah. - diz Ivy.

Ela me olha com seus olhos azuis. Esboça um sorriso e me cumprimenta balançando a cabeça. Sarah me olha atentamente, me analisando.

Ivy então me leva de volta para meu corpo físico.

...

Sinto sempre ainda desperto no mundo físico intuições sobre tratamentos. Sinto Sarah e Ivy me auxiliando em certos momentos. Ficou claro que preciso fazer minha parte como encarnado para que o auxílio delas seja mais eficiente.

Acordo com a certeza de fazer sempre automassagem nas mãos, pois aí estão pontos reflexos do corpo inteiro.

Hoje estudei este mapa de reflexologia das mãos. Toda noite deitado em minha cama tenho feita automassagem e sinto grande relaxamento. Massageio minhas mãos desde as extremidades dos dedos até o dorso e a palma. Tem pontos mais doloridos e estudei que são pontos que refletem regiões com desajuste energético e tem que ser pressionados para que as regiões em desequilíbrio sejam melhoradas.

Intuído por minhas benfeitoras espirituais pesquiso sobre a reflexologia e seus benefícios. Alguns dos efeitos são:

- Relaxamento muscular profundo e alívio da tensão e stress;

- Melhoria na circulação sanguínea e linfática;

- Estímulo e inibição na transmissão de impulsos nervosos ao cérebro, em particular, os diretamente relacionados com o Sistema Nervoso Autónomo;

- Redução da dor mediante a produção de endorfina;

- Estímulo de pontos ao longo dos meridianos de acupuntura;

- Efeito sobre o campo eletromagnético do corpo.

 

 

 

 

 

 

 

SARAH

Sempre sinto a presença de Ivy e Sarah. Em momentos de dor e angústia mesmo sem que possa vê-las quando estou desperto em meu corpo físico percebo que elas estão a meu lado, anjos a me ajudar.

Desde que as sinto próximas tenho tido mais esperança em viver embora com muita deficiência física. Há tempos já praticamente não ando mais devido à esclerose múltipla. Tempos difíceis em que às vezes some a vontade de viver e a fé. Saber que espíritos tão bondosos se importam comigo renova minha fé.

Esta semana comecei a meditar por alguns minutos e tem sido bom para mim. Agora mesmo estou ouvindo uma música muito bonita tocada no piano. Estes momentos de relaxamento parecem aumentar minha energia.

 

 

 

 

Aparelho das Recordações

Então Ivy e Sarah me levam até o bosque espiritual na sala do aparelho das recordações. Sou ligado nesta máquina e vários acontecimentos de minha vida são mostrados na tela fluídica.

 Nos anos 1990 fui dialogador num Centro Espírita em Campinas.

Dialogador é a pessoa habilitada a conversar com os espíritos que se comunicam através do médium.

Mais uma sexta-feira à tarde.

O trabalho de comunicações mediúnicas já vai iniciar.

Nossa equipe é formada pela dirigente, pessoal da sustentação energética, médiuns e dialogadores. Claro que além de nós, encarnados, há a equipe espiritual que possibilita a atividade mediúnica.

Há vários tipos de comunicações: Espíritos sofredores e perdidos, sendo que muitos desconhecem que já desencarnaram, ou que morreram como dizemos na Terra; Espíritos devotados ao mal, muitos sentindo muito ódio ou mágoa; Espíritos bondosos que nos trazem mensagens muito bonitas e tem também espíritos enganadores, que querem se passar pelo que não são.

As comunicações começam...

Intuitivamente me dirijo a uma médium que sinto envolvida mediunicamente.

Veja que a partir de agora vou conversar com alguém que já está sem o corpo físico, ou como dizem aqui na Terra, que já morreu.

Sem que eu inicie o dialogo o espirito se adianta e me diz:

- Paz do Senhor, meu irmão!

- Paz do Senhor – respondo.

Acho tratar-se de uma mensagem de um espirito bondoso.

- Veio nos trazer uma mensagem? – indago respeitosamente.

- Sou o bom pastor! Veja estas ovelhas desgarradas dormindo!

Numa cena lúgubre, vemos milhares de espíritos, pessoas já desencarnadas, dormindo. Mas em seus rostos vê-se o desespero dos encarcerados injustamente.

Noto não tratar-se de uma mensagem, nem de um espirito bondoso...

Graças a Deus, sinto a equipe espiritual bem forte e presente, pois se trata de uma comunicação com um espirito culto, versado nas Escrituras, porém enganador.

- Por que eles dormem? – indago.

- Você não conhece a Bíblia? É o sono pós-morte! – ele responde agressivamente.

Ele então continua a falar ofensivamente:

- Aliás, nem sei por que estou falando com você! Tão ignorante e quer discutir comigo?

Realmente ele conhece a Bíblia em cada capítulo e versículo, mas usa este conhecimento para escravizar almas inseguras e perdidas.

Às vezes quando eu me via ali como dialogador eu julgava não ser merecedor daquela atividade, pois conversava com espíritos muito bondosos e também com irmãos tão sofredores e carentes de Luz. Mas fui escolhido para ser dialogador e vou dar o melhor de mim.

A equipe espiritual sempre nos intui e direciona nossas palavras. Não sinto medo, pois estou amparado por espíritos bondosos e que tem o poder do amor em si.

Ele não para de insinuar minha ignorância religiosa e sua posição privilegiada de pastor das ovelhas desgarradas.

Então sinto que sou intuído e minhas palavras direcionadas:

- O Bom Pastor é humilde. – digo.

- Não vou tolerar sua ignorância! – ele grita.

- Jesus Cristo disse para o bom ladrão na cruz que a vida continua e que ele estaria naquele dia mesmo com Ele no Paraíso. – digo por intuição.

Neste instante a comunicação termina. Uma Luz fortíssima inunda aquele cenário ermo e falanges de trabalhadores do bem iniciam o trabalho de resgate e auxílio médico daqueles irmãos escravizados.

Quanto ao falso pastor não ficamos sabendo para onde foi encaminhado. Apenas tento não julgar, pois também tenho defeitos e erros...

Algum tempo depois o trabalho mediúnico termina e vou para casa.

Então estas imagens cessam. Mas percebo que outras recordações serão mostradas.

 

 

 

Recordações Pessoais

Obra - Engenheiro

 Meu trabalho: supervisionar a construção.

Na obra é interessante observar o comportamento do pessoal.

Chega o carregamento de tijolos. Baiano, pedreiro, e Nabô, servente, estão no canteiro de obras e descarregam a mercadoria.

-Nabô! Vai lá ligar o toca-fitas. Tem a fita do Altemar Dutra, diz Baiano.

Ele vai em direção ao aparelho de som que está sobre a laje do 1º pavimento.

Passam-se dez minutos e Nabô não retorna.

-O som sai ou não sai? -berra Baiano.

-Eu apertei o botão vermelho e o som não quer sair, diz Nabô.

Baiano fica vermelho de raiva porque sabe que o botão vermelho desgrava a fita.

-Nabô, seu filho-da-puta, destruiu minha fita!- berra Baiano e sai de faca ao encontro do servente.

Nabô sai correndo e Baiano cai na gargalhada...

Melhor assim...

 

 Professor

O cenário é este: escola estadual de ensino fundamental. Um lugar até que bonito e arborizado.

Sou contratado como professor substituto de ciências e matemática.

Ela, aluna, não tira os olhos de mim num romance tão improvável... Faz bem para o ego como dizem...

Sexta-feira, 6ª B. Um aluno totalmente indisciplinado... Não consigo dar aula.

-Por favor, você pode ir dar uma volta, digo a ele.

Por um instante, a classe fica em silêncio.

O rapaz é enorme e tem fama de não levar desaforo.

Professor, eu só vou sair porque considero você.

E sai da classe dando risadas...

 

 

Aeronáutica

-Por favor, senhor, não me deixe cair!

Sou membro de uma equipe de resgate na selva, tenho a patente de cadete.

Este colega de equipe pendendo num penhasco me pede auxílio para subir.

-Senhor, eu não quero morrer!

Deito-me na pedra e estendo minhas mãos que servem de apoio para que o soldado suba.

-Obrigado, cadete. Você salvou minha vida!

Até hoje guardo boas lembranças desta época em que participei deste grupamento...

 

 

 

 

 

 Guitarrista

Show político. Somos convidados a tocar no evento.

Nossa banda de Rock/MPB se chama Íbis, o pássaro devorador de energias negativas.

O showmício começa. Temos uma música de nossa autoria. Chama-se “Guerra”.

O pessoal dança e se diverte.

As recordações acabam e retorno ao corpo físico.

 ...

Hoje levantei animado. É feriado de finados e não trabalho.

Minha esposa como todos os dias me ajuda a saída cama e vou para a mesa da copa. Tomamos café e começo a escrever um pouco.

O dia está quente e chuvoso. Estou bem mesmo com tanta limitação.

De uns dias para cá tenho sentido a presença de minhas benfeitoras espirituais, além de sempre acordar como que sabendo o que fazer.

Hoje quero ajudar a fazer a comida. Digo para minha esposa que quero descascar as batatas. Ela coloca as batatas, a faca e uma tábua para cortar os legumes. Tento descascar as batatas, mas não consigo. Tenho então a ideia de cortar as batatas para colocar no forno e consigo fazer isto. Demorou bastante tempo para a tarefa, mas consigo. Foi muito bom fazer isto! A tarefa manual é muito bom para mim.

Depois do almoço me sento no sofá e faço exercícios com o pedalinho manual. Depois faço alongamentos e movimentos para os braços.

Agora deitado faço meditação.

 

Claro que às vezes não é fácil manter o otimismo tendo tanta limitação física e sendo cadeirante. Antigamente eu andava normalmente. Praticava esportes e adorava nadar no mar. Mas tudo mudou e hoje em dia uso cadeira de rodas. Mas a gente tem que procurar continuar a vida é entender a nova situação. Já pensei em parar tudo e jogar a toalha. Mas hoje em dia apenas vivo da melhor forma possível. Acredito em Deus e sinto a ajuda de benfeitores espirituais como Ivy e Sarah. A vida tem que continuar...

 

 

Está noite estou visitando a ilha que Sarah vive. Ivy e eu estamos aguardando Sarah. Na cadeira de rodas começo a observar a vila e a beleza da natureza ali. Uma vila muito humilde e vejo muitos moradores trabalhando nas plantações. Todos parecem felizes com esta vida simples.

Ivy então diz que vai me levar onde Sarah está. Ela empurra a cadeira de rodas até um bosque maravilhoso onde vejo Sarah treinando movimentos parecidos com Tai Chi Chuan. Ela está muito concentrada e parece não perceber nossa presença.

O bosque é maravilhoso. Pássaros cantam alegremente, flores exalam perfumes deliciosos e tem muitas árvores frutíferas. Uma paz inalterável parece existir aqui. Neste ambiente me sinto bem. Quem sabe Sarah tenha algum tratamento para mim aqui. Estar neste bosque má já é um remédio para mim.

Observo a concentração de Sarah e seus movimentos tão graciosos. Ela parece dominar técnicas aprofundadas das artes marciais. Quem sabe me ensine.

Agora ela parece ter finalizado o treinamento. Olha para nós, sorri e vem em nossa direção.

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O Aparelho das Recordações

Nesta noite novamente Ivy e Sarah me levam até o bosque espiritual na sala do aparelho das recordações. Sou ligado nesta máquina e vários acontecimentos de minha vida são mostrados na tela fluídica.

A tela fluídica mostra agora imagens de quando trabalhei com a massagem terapêutica.

Numa sessão de massoterapia há uma comunhão energética entre o massoterapeuta e o cliente.  A massoterapia é muito mais do que um tratamento corporal. Energias se misturam e fundem, pois somos muito mais do que corpo físico. Somos energia e emoções, espírito e alma que totalizam nosso ser. No atendimento de massoterapia fundem-se e somam-se as energias do atendente e do atendido, numa união físico-energético-espiritual. É como se por alguns instantes fossemos um. Num ritmo cadenciado como numa música a massagem flui.

Nosso corpo, mente e espírito estão intimamente ligados. Não há como tratar cada componente de nosso ser em separado. Massageando o corpo, atingimos emoções gravadas, armazenadas em nosso corpo em forma de tensões. Massageando o corpo, massageamos a alma.

Numa sessão de massagem as reações são diversas. Riso, choro, suspiros, gargalhadas, gritos... Não são apenas mãos que massageiam um corpo. São energias que se fundem, são espíritos que se unem num tratamento sublime e fraternal.

 O aparelho das recordações começa a mostrar cenas de minha infância.

Anos 1980, Eu, moleque, brincava na rua. Bola, bike, bets. Outros tempos, outra cultura. A molecada da rua vinha em peso, Pessoal bom, a gente zoava. Época boa, divertida. Eu, irmãos, primos. Com a molecada a gente brincava.

Pegava a bike e rodava, saindo da Monte Alto, para Flamboyant e outros lados, passando pela Mogi-Guaçu. Pegava até pista pro Parque Ecológico. Rodava lá dentro e voltava. Pedalava até na Norte-Sul.

Na rua a gente muito brincava De bets, futebol, queimada. Tinha festas na rua sem saída, carro nem passava. Festa Junina na rua! Outra época, eu sei... Cada um levava um quitute, Guloseima, refri, quentão. Tudo era muito bom!

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Antigamente eu conseguia andar quando ia espiritualmente ao bosque de Ivy. Hoje em dia uso a cadeira de rodas . Ivy me explicou que meus pensamentos tristes e negativos contaminaram meu corpo espiritual e por este motivo não consigo mais andar mesmo sem o corpo físico.

Eu, Ivy e Sarah estão conversando sobre este assunto. Elas estão sentadas num banco de madeira no bosque espiritual e eu estou na cadeira de rodas. Muito bonito aqui. O aroma das flores é delicioso! Pássaros cantam alegremente.

- André. Vamos fazer um tratamento na lagoa de águas termais. - diz Ivy.

Sarah diz ser importante pelas características energizantes destas águas.

Com muito cuidado me despem e já próximo à lagoa me erguem e assim entramos nas águas termais. Claro que elas entram também na lagoa para que eu não me afogue. Elas tem muito cuidado comigo pois estou muito debilitado. Elas também estão sem roupas, mas o que sinto é um profundo respeito e carinho por estas amigas benfeitoras, verdadeiros anjos a me ajudar.  Sarah e Ivy agora me deixam deitado na água com a cabeça fora para respirar. Sarah me diz para movimentar com calma minhas pernas. Tento fazer isto, mas movimento pouco as pernas.

- Está indo bem, André. Continue. - diz Sarah.

Agora Ivy faz movimentos lentos de rotação de meus braços. Um por vez ela movimenta suavemente. Ivy sorri para mim. Ela sabe da gratidão que sinto. Às vezes penso não ser merecedor de tal ajuda.

Elas me tiram da lagoa e nos vestimos. Levam-me para meu corpo físico.

Já é manhã. Acordo revigorado.

 

Sonho Bom

Um dia claro, ensolarado. Minha mente opaca, sem luz neste dia. Estou aqui, pois neste momento sou livre. Aqui minhas letras andam, correm, nadam e até voam! Meu corpo como que atado em uma cadeira, pouco ando e não corro...

Mas aqui!

Ando e corro com minhas letras. Venço o dragão com minha pena. Aqui sou livre! Aqui sou atleta Das letras, das penas, tenho pernas musculosas. Corro como o vento, nado no mar bravio! Estou aqui pois aqui sou livre! Minha mente voa e estou na praia.

Uma praia linda no cair da tarde, Pescadores humildes. Um luau, onde toco e canto, Um paraíso com muita paz. Caminho na praia. Lua cheia. Está tão bom! Nem quero acordar...

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No mundo físico tento fazer tudo o que seja possível. Ando poucos passos dentro de casa com o auxílio do andador. Minha locomoção é realizada na cadeira de rodas. Mas continuo a vida. Trabalho um pouco no caixa do restaurante da família,passeio, escrevo. A vida tem que continuar.

Adormeço e sou levado espiritualmente para a ilha de Sarah.

Ivy está comigo. Posso ver Sarah treinando movimentos parecidos com o Tai Chi. Várias pessoas da vila treinam neste local. Cada um faz seus movimentos em total concentração. Ela parece terminar seu treinamento e vem em nossa direção.

- Ivy, agora vamos treinar junto com o André. - diz Sarah.

Ivy empurra a cadeira de rodas até uma clareira próxima.

Sarah atrás de mim segura meus dois braços e os movimenta em círculos.

- André. Agora sinta os movimentos. Respire lentamente. Fique concentrado no movimento e na respiração. - diz Sarah.

Sinto a energia poderosa de Sarah enquanto ela segura meus braços. Esta energia percorre todo meu corpo e me sinto muito mais forte.

Pássaros cantam neste bosque maravilhoso. Uma brisa suave sopra.

Sarah solta meus braços e vem agora em minha frente. Ela segura meus braços e me diz para manter a concentração e olhar fixamente para os seus olhos . Agora além da energia vinda de suas mãos, seus olhos emitem uma força, uma energia de muita paz. Seus olhos azuis são como faróis emitindo luz e fogo, direção e força a me ajudar. Ivy agora fica atrás de mim e coloca suas mãos em minhas costas na região do chakra cardíaco. Sinto estas energias bondosas e poderosas percorrendo todo meu corpo. Parece que estou tão fortalecido que posso andar e até correr. Sarah percebe meu pensamento e diz:

- Calma André. Tudo a seu tempo. Vamos com calma.

Elas continuam o exercício. Sarah movimenta meus braços agora em sentido horizontal e Ivy coloca suas mãos na região do chakra do plexo solar, na região do estômago.

Quando o treinamento acaba, elas me levam até meu corpo físico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lições de Sarah – Guerreira Ninja

 

Meditação

Abasteço-me meditando na natureza.

Fecho os olhos e vejo em minha tela mental uma cachoeira e fico apenas olhando para ela e ouvindo o som da água caindo.

 

Brincando com a água da cachoeira.

Visualizo a cachoeira e movimento meus braços... Posso até sentir a temperatura da água!

Inspiro e desço minhas mãos, expiro e subo as mãos ate minha cabeça, sentindo a água!

Agradeço por este dia.

 

Obrigado PAI

Posso sentir-TE

Em cada folha, em cada mar, em cada criança.

Obrigado PAI.

 

Sendo perseguido

Sei que nunca estou só...

Confio nos Guerreiros da LUZ.

Sendo perseguido oro e me anulo,

Misturo-me na multidão e fico invisível...

 

Na doença

Confio no poder da natureza em restabelecer-me.

Confio e sei que DEUS quer meu melhor.

Medito e oro.

 

Sendo Atacado

Quando atacado por palavras rudes

Usarei as armas da compaixão...

Quando atacado pelo desprezo e abandono

Usarei a poderosa arma da FÉ...

 

Medo do futuro

Penso no agora

É o que existe!

A FÉ é minha arma contra a incerteza.

Meditação

Fecho os olhos

Visualizo que medito na montanha...

Respiro calmamente

Ouço o vento...

 

Em tribulação

Busco alternativas para superar obstáculos.

Nunca estou desamparado.

Filosofia Ninja

Ninja significa aquele que resiste, também pode significar aquele que se oculta.

Paciência para esperar o momento certo do ataque, perspicácia para pensar na melhor maneira de agir, e autoconhecimento, que lhe permitiu tirar vantagem de suas características, foram as ferramentas utilizadas para alcançar a vitória. E é exatamente isso o que o ninjutsu propõe.

Sozinhos, lançados à própria sorte na guerra, os ninjas puderam desenvolver uma corrente filosófica que propõe a autorreflexão como meio para conseguir forças.

Para vencer o inimigo, os ninjas acreditavam que o primeiro passo era superar a si mesmo. Corrigir-se, dominar a vaidade e o ego. Reconhecer pontos positivos da personalidade e usá-los a nosso favor. Adaptar-se a qualquer situação.

Autoconhecimento e atenção aguçada compõem a fórmula ninja para não ter surpresas: nem o inimigo nem você mesmo agirão de maneira inesperada. Aquele que realmente se conhece e é capaz de domar o ego e sabe também evitar conflitos. Como a luta do ninjutsu é pela sobrevivência, o combate fica como último recurso, quando todas as alternativas forem descartadas.

Harmonia

“Esconder-se”, “segredo”, “suportar” e “perseverar” – conceitos intimamente ligados à arte ninja.

O conceito de harmonia entre corpo e espírito no ninjutsu vai além do lema “corpo são, mente sã”.

Para os ninjas, o corpo é visto como a “ferramenta” do espírito. É pelas experiências do corpo, como a dor, que o espírito é lapidado. A educação do espírito passa pela matéria. Mais uma vez, pesa forte a ideia de introspecção. Como corpo e espírito devem formar unidade, uma análise profunda do espírito deve ser feita pelas experiências do corpo e de suas limitações. Se o que se deseja é flexibilidade de espírito, deve-se ter um corpo capaz de se adaptar a situações adversas.

Os movimentos devem permitir concentração para que espírito e corpo se comuniquem, e um obedeça ao outro. A busca é pela perfeição – antes do espírito que do movimento.

A fé é outra lição dos antigos guerreiros das sombras.

Para agarrar-se à vida, é necessário acreditar nela e no que se faz. Não basta acreditar, é necessário persistir, às vezes por um longo tempo, para alcançar um objetivo. Tudo isso, sem perder de vista quem você é e quais são suas limitações.

Sarah – Guerreira Ninja

Escuridão total. Sons inexplicáveis. Vozes amedrontadoras.

Tento me esconder em uma espécie de buraco.

Nada se vê...

Em certas ocasiões a ausência da luz causa pavor.

Os sons e as vozes param abruptamente, porém o breu é total. Sinto que meu corpo começa a ser tocado suavemente. Um misto de horror e excitação toma conta de mim. Estas mãos misteriosas começam a arrancar minhas roupas.

Clamo por ajuda.

Vejo uma guerreira ninja com traje inteiro branco e luminoso. Apenas com sua presença aqueles seres escuros se retiram. Ela vem e me tira daquele ambiente lúgubre.

Desfaleço...

Acordo com o coração descompassado, banhado em suor. Quatro horas da manhã. Não durmo mais, pensando no pesadelo.

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 Sarah estuda e pratica a arte secreta dos ninjas brancos. Ela domina técnicas avançadas desta arte. Sempre pronta a ajudar todos os que estão em dificuldades. Sarah é um anjo do bem, uma guerreira ninja branco.

Contam por aqui histórias sobre batalhas que ela participou para resgatar pessoas que assim como eu precisam se libertar de seus pensamentos negativos que aprisionam e causam tanto sofrimento e dor.

Mas tudo está tão escuro agora...

Esta noite Sarah está diferente. Introspectiva parece estar se preparando para uma batalha.

- André. Vamos lutar! - diz Sarah irritada.

Fico pálido e com medo. Lutar contra uma ninja? Ela Não parece estar brincando...

Ivy apenas olha.

Eu na cadeira de rodas não tenho chance alguma.

Sarah vem em minha direção desfere um golpe e vou para o chão. Fico imóvel sem poder levantar. Ivy apenas olha e espera a reação da amiga.

Então Sarah olha para mim e diz:

- Você já começou derrotado. Se você não acreditar em si mesmo não pode vencer. Agora levante e vamos lutar.

Acho que ela esqueceu que não ando e nem consigo levantar.

- Estou esperando, André!

- Sarah, não consigo! - digo.

Ela me larga no chão e sem se despedir vai embora.

Tudo escuro... Estou apavorado.

De repente ouço a voz de Sarah: - Acorde André. Foi um pesadelo.

Abro os olhos e conto a ela todo sonho ruim.

Seus olhos lacrimejam. Ela então segura meus braços e olhando fixamente em meus olhos diz:

- Nunca lutaria com você André. Mas vou defender você sempre que puder.

Ela me abraça forte e sorri para mim.

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Conversa amiga

Nesta noite novamente visito Sarah. Ivy ocupada não está aqui.

Estamos numa praia na ilha de Sarah. Que lugar lindo! Ela sentada na areia e eu na cadeira de rodas. Ela trouxe um chá muito gostoso para beber.

Observo a água do mar tão limpa e azul. Ondas suaves que me relaxam com seu som tão bom de ouvir.

Sarah então se levanta e me diz para imitar seus movimentos parecidos com Tai Chi. Realizo o exercício e ela abana a cabeça positivamente sorrindo para mim.

- Ninja André. Muito bem! - ela diz brincando.

Ela então pega meus braços pela frente e faz alongamentos. A energia dela é muito forte e as sinto percorrer todo meu corpo.

- Sarah. Não estou atrapalhando suas atividades? - digo.

- André, minha atividade agora é cuidar de você.

Dizendo isto ela me abraça como uma grande amiga. Seus olhos azuis neste momento são ainda mais brilhantes.

- Quer sentir a água do mar, André?

- Posso? - digo.

Sem esperar ela empurra a cadeira de rodas até a água é com cuidado leva minhas mãos até o líquido salgado para que possa senti-lo. O contato com a água marinha me energiza.

- Também adoro o mar. Logo vamos nadar juntos aqui.- Sarah afirma.

 

Fico emocionado, pois amo o mar. No mundo físico sempre nadava quando podia fazê-lo. Ela percebe que estou chorando e me abraça. Sinto-me bem com a energia do mar e daquela linda guerreira ninja.

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Novamente estou na ilha de Sarah. Sentado na cadeira de rodas observo as ondas do mar azul e puro. Sarah e Ivy estão nadando neste mar. Disseram que um dia vou nadar ali com elas. Elas saem da água e se vestem.

- Como está André? - pergunta Sarah.

Digo que estou bem.

Sarah então vai até seu chalé. Ivy fica comigo.

- Ivy. Quero saber se já conhecia Sarah. Sei que eu e você nos conhecemos faz muito tempo. Mas já conhecia Sarah?

- André. Gostaria que você perguntasse para a Sarah. - diz Ivy.

Depois de algum tempo Sarah retorna com uma jarra de suco e bolachas.

O som do mar me acalma. Adoro o mar.

Depois de tomarmos lanche Sarah me fala que vai massagear um pouco meu pescoço e ombro, pois estão muito tensos. Relaxo bastante. Quase durmo. São mãos angelicais!

Ivy faz uma energização em meu chakra cardíaco. Sarah e Ivy, anjos a me ajudar.

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Esta noite eu e Sarah conversamos à beira mar após o treinamento. Ela empurrou a cadeira de rodas até a areia desta maravilhosa praia.

- Conheço você há algum tempo. Lembra quando você ajudava mendigos, dava roupas e comida? Uma das moças que você doou uma roupa de frio é muito querida para mim. Eu estava espiritualmente neste momento e vi sua atitude tão bonita. Ivy estava comigo e me falou da amizade de vocês. - diz Sarah.

Conversamos mais algum tempo e ela me leva para casa.

 

 

 

 

 

MAR - Poema



 

 

                        O mar

Há muitos anos, criança,

Era noite e não pude ver-te...

Mas ouvi atento teu som forte e constante.

Nesta noite adormeci acalentado pela sinfonia de tuas ondas.

Nesta noite pouco dormi,

Pois queria ver-te.

Ansioso, minha família me levou para saciar minha curiosidade.

Andando na areia da praia, contemplei teu esplendor.

 

 

MAR...

Durante minha vida, pude nadar em tuas águas algumas vezes.

Água fria, água morna...

Coloração avermelhada, marrom, azul, verde...

Mas sempre belo e insondável para mim.

Antigamente podia nadar entre tuas ondas,

Sentir em minha pele teu poder.

 

MAR...

Fico feliz em ver-te e ouvir o som que tuas ondas produzem!

Moro distante de ti, mas te vejo todo dia em minha mente!

Posso até sentir mentalmente a maciez de tuas águas!

A vida é como o mar...

O mar leva tudo para a praia.

A vida traz lembranças e sonhos.

O mar se depura sozinho.

A vida se renova sempre.

 

MAR...

O amanhecer é nosso nascimento.

O passar do dia é nossa vida.

O entardecer é o término desta jornada.

A noite é a morte, a passagem.

O novo amanhecer é a continuidade, é a nova morada que nos aguarda...

 

MAR...

Quero agora agradecer-te!

 E dizer que vamos sempre estar juntos, embora distantes fisicamente...

Pois carrego você dentro de mim!

LA MER...

 

 

 

 

 

Texto

- André, hoje li um texto que você escreveu quando soube da doença. Bonito e triste... Chorei quando li. Não queria ver você sofrer. Mas não tenha medo. Estamos com você. - diz Sarah.

 

Texto

"Poder-se-ia pensar em alguém totalmente alheio a si mesmo e às suas necessidades, sonhos e fantasias?

E ainda mais se este alguém se pusesse em uma posição que não era a sua, não respeitando suas fraquezas? “Apenas o Criador é perfeito”, dir-se-ia.

Mas alguém tão rígido quebrou-se... Quebrou-se como uma taça de cristal, tão rígida, porém tão frágil em sua dureza.

O que ficou foi o ensinamento e a necessidade de reavaliação. Mudar padrões anímicos e continuar a caminhada.

Pois a água, em sua maleabilidade e disformidade, torna-se mais poderosa que os rochedos.

Qual compararmos o voo gracioso da mais bela ave à marcha lenta e pesada do cágado, a rastejar penosamente pelo deserto.

“A palavra flexibilidade tornou-se lição de casa”

Era como não ser, como não existir, como se o corpo físico fosse controlado à distância, friamente.

Sentimentos, sonhos, planos pessoais não existiam ou absurdamente eram deixados para trás.

Robotizou-se a rotina numa disciplina sem nexo. Toda noção sobre si mesmo foi esquecida ou jamais foi encontrada."

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A Cabana de Sarah

Deitado em minha cama ouço a chuva torrencial. Durmo e Ivy vem me buscar. Sarah já nos aguarda e vem em nossa direção. A ilha de Sarah é linda e abençoada. A água do mar azul é pura e cristalina. Espero um dia conseguir nadar ali. Sarah diz que vai nos levar em sua cabana para que eu possa conhecê -la. Ivy empurra minha cadeira de rodas e passando pela trilha em meio ao bosque avistamos uma cabana muito bonita e acolhedora.

- Venham conhecer minha casa! Vou fazer um chá para nós. - diz Sarah.

Entramos pela porta e ficamos na sala espaçosa e aconchegante. A cabana é um loft com um quarto, cozinha, banheiro e sala, além de lavanderia e varanda. Tudo bem limpo e a sala perfumada e muito arejada. Sarah prepara um chá de hortelã delicioso. Depois vamos à varanda e conversamos um pouco mais. Nossa amizade é muito bonita e especial.

- André quer lembrá-lo de algo muito importante. Sei que você já sabe. Nossa saúde, reabilitação e qualidade de vida dependem muito de nossos pensamentos positivos e de nossa fé. O corpo obedece à mente. Se acreditar na saúde o corpo vai trabalhar na recuperação. O contrário também ocorre. Cuidado com o que acredita pois se torna real. - diz Sarah.

Ivy está perto de nós. Estamos na varanda da cabana de Sarah.

Entardecer muito agradável aqui na ilha. Pássaros voam e cantam alegremente se despedindo de nós.

- Lembra que mesmo cadeirante no mundo físico você conseguia andar e até correr e nadar no bosque espiritual ? - fala Ivy emocionada.

É verdade. Lembro- me bem. Lá no bosque espiritual nos primeiros dias usava a cadeira de rodas ,mas depois não precisei mais usar. Acho que perdi um pouco a fé é não acreditei mais que podia melhorar.

- Vamos ter uma visita hoje. Acho que você conhece. - diz Ivy sorrindo.

Então olho para o bosque e vejo um guerreiro índio montando um lindo cavalo negro. Intuitivamente percebo tratar-se do Caboclo Pena Dourada, amigo e benfeitor. Ela desce do cavalo e vem até a varanda que estamos.

Cumprimenta cordialmente a todos e me olhando diz:

- Paz, André. Triste ver você assim na cadeira de rodas. Mas tudo passa e você vai curar sua mente e assim equilibrar a saúde do corpo. Apenas não desista. Estamos sempre o seu lado. - diz o Caboclo Pena Dourada.

Fico muito feliz com a visita deste amigo e benfeitor. Ele se despede, monta em seu cavalo e sai rapidamente.

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Mar Azul

- Conheço bem você André. Um espírito aventureiro. - diz Ivy.

- Queria viajar, nadar em mares, conhecer quem sabe lugares exóticos. - digo.

Fico triste neste momento. Penso em quanta coisa precisei esquecer. Quantos planos e sonhos morreram. Uma das coisas que mais me entristece é não poder ter jogado bola com meu filho, andado com ele na rua, no parque. Depois que ele nasceu fui piorando. Cada vez andava com mais dificuldade. Bengala, andador e por fim a cadeira de rodas. Verdade que sempre brinquei com meu filho. Comprei faz um tempo uma handbike para pedalar junto com ele. Passeamos em algumas praias, até chegamos a nadar no mar. Mas a gente sempre quer fazer mais coisas. Quem sabe um dia a gente possa voar juntos num avião ou num balão...

- André, vamos até um lugar que você vai gostar. - fala Sarah.

Então ela empurra a cadeira de rodas até a praia. Pôr do sol maravilhoso aqui na ilha de Sarah. Mar azul e águas cristalinas.

- André, você confia em mim? - indaga Sarah.

- Claro que sim. - digo.

Ela e Ivy tiram minha roupa e com cuidado me levam até o mar. Seguram-me e me colocam deitado na água. Dizem para eu segurar uma pequena prancha para não afundar a cabeça e respirar. Elas sempre me segurando, uma de cada lado. Até que me soltam naquela praia sem ondas e dizem para que continue segurando a prancha e tente movimentar um pouco as pernas. Que delícia estar naquele mar maravilhoso! Que benção conseguir nadar nestas águas medicinais!

- Agora vamos nadar junto com você! - fala Ivy.

Que momento inesquecível! Eu adoro o mar. Ainda mais com a companhia de Ivy e Sarah, amigas e anjos de Luz.

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Palavra Amiga

Atribulado e triste, a vontade de viver às vezes quase sumia. O fato de não andar e depender sempre de outros era um fardo pesado demais.

Sarah rega as plantas da varanda e quando finaliza a tarefa bem falar comigo.

- Está triste André?

- Um pouco. - digo.

- A doença às vezes é difícil de suportar. Não ando, dependo sempre de alguém. Sou um fardo, um inútil. Não é melhor morrer? - falo.

Sarah emocionada me deixa sozinho na varanda. Acho que ela ficou muito triste com minhas palavras. Depois de algum tempo ela volta e continua a conversar comigo.

- André, você falou sobre doença e o quanto é difícil para você. Mas já pensou em todos que estão com você e nunca te abandonaram? Será que te verem assim desanimado não é difícil para eles? Sua esposa faz tudo por você. É justo você se portar assim? Falando em morte, em desistir?

Sarah interrompe a fala e apenas olha para mim.

 

- E quanto a mim, Ivy, Caboclo Pena Dourada e outros amigos que você tem aqui na espiritualidade. Todos torcemos e fazemos todo possível por você. Mas entenda que tem situações que não podemos mudar. Não sei o porquê você tem esclerose múltipla... Mas quero ajudá-lo a viver com esta doença. Se eu pudesse te curar André, ficaria felicíssima. Mas não posso.

Sarah olha fixamente para mim. Na cadeira de rodas estou envergonhado por ser tão egoísta e insensível.

Sarah então me faz lembrar de situações de minha vida. Na infância, brincadeiras com irmãos, primos e amigos. Meus pais, avós e tios sempre presentes. Na escola sempre com amigos e boas notas. Fez-me lembrar da escola técnica de eletrotécnica e depois da faculdade de engenharia civil e de saneamento. Todas as obras que trabalhei. O projeto de minha casa que fiz e que moro com minha família.

Sarah sorri para mim.

Depois me faz lembrar da banda musical que tive quando garoto e dos lugares que tocamos.

Recordo-me também de quando fui professor de matemática e ciências.

Lembro-me de quando fui massoterapeuta e dos atendimentos que fiz e das aulas que ministrei.

Recordo-me também dos livros que escrevi e ainda escrevo.

Lembro-me do bar e restaurante de minha família que meus pais montaram quando eu tinha um ano e que hoje ainda atendo sentado os clientes do almoço, que respeitam minha limitação física e que gostam do meu atendimento adaptado.

Sarah então me diz:

- Tudo o que você quis fazer você conseguiu. Você tem uma esposa, um filho, país que te apoiam, irmãos que adoram você, tios, primos, sobrinhos, amigos.

- Ainda não acabei de falar, André.- diz Sarah. É continua:

- Você sabe de toda proteção espiritual que sempre teve e tem. Você sabe sobre o poder do pensamento que pode curar ou destruir. Então use o que você sabe e pare de pensar negativo e de sentir-se tão triste e desanimado!

Sarah está nervosa e olha para mim sem sorrir. Apenas ouço e reflito.

- Desculpe-me Sarah. -falo.

- André, nos preocupamos com você. Sei que não é fácil o que você está passando. Mas tem muita gente que está com você para ajudar: Confie e prossiga.

Ela então olha para mim e diz:

- Você estava reclamando de que mesmo?

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 - André não tenha medo. Vamos levar você a um lugar muito especial.

Dizendo isto Sarah e Ivy me seguram uma em cada braço e sem a cadeira de rodas voam comigo. Para onde? Não sei...

Voamos alto por mares e montanhas, bosques e vales. Chegamos em uma montanha muito a!ta e descemos em seu cume. Que lugar lindo! Cheiro de hortelã e flores de todas as cores. Pássaros cantam agradavelmente. Um paraíso.

Ivy e Sarah me sentam na grama apoiado em uma árvore muito bonita. Fico confortável e feliz por estar ali.

- É aqui que eu treino a meditação. Vamos treinar juntos. Ela senta perto de mim e diz:

- André é muito simples. Respire calmamente e apenas preste atenção em sua respiração.

Ivy também se senta próximo a nós e nos diz que vai meditar também. Observando a linda paisagem começamos a meditar.

O pôr do sol visto desta montanha é maravilhoso!

Quando finalizamos a meditação é como se fosse outra realidade, pois me sinto mais tranquilo e energizado, mais calmo e feliz, como se todos os problemas já não existissem mais.

- Levante-se! - diz Sarah.

Minhas duas benfeitoras me ajudam a levantar e apoiado por elas consigo dar milagrosamente alguns passos.

 

Tenho sido ajudado toda noite que venho na ilha de Sarah. Banhos medicinais, meditação, energização e outras terapias que tem me ajudado muito. Sei que outras pessoas são ajudadas e que Sarah tem um trabalho de ajuda de irmãos sofredores. Gostaria de conhecer este trabalho.

Sentado na cadeira de rodas no bosque da ilha de Sarah aguardo a chegada de Sarah. Ivy está comigo conversando sobre no tratamentos. Sarah então chega vestindo um traje de ninja branco. Só o capuz segura em suas mãos.

- Quer vir comigo André? Não tem perigo. Você pode apenas observar o trabalho à distancia. - diz Sarah.

Ivy me diz que vai ser bom para mim. Então digo que vou.

Sarah e Ivy seguram meus braços e voamos por mares e vales até chegarmos numa região um pouco mais escura e triste. Ali a energia é mais densa e pessoas taciturnas vivem. Uma moça de joelhos ora prisioneira numa cela. Ela clama por ajuda pois não consegue sair dali sem ajuda. Apenas dessa sair deste lugar.

- Ivy fique aqui com o André. Apenas observem o resgate. - diz Sarah.

Então vejo uma equipe de ninjas branco aproximarem-se ao chamado telepático de Sarah. Os moradores daquele vale triste e escuro percebem a presença dos ninjas branco e se mobilizam para atacar. Mas rapidamente e sem luta usando técnicas de invisibilidade e rapidez resgatam a moça prisioneira. Vamos embora rapidamente para a ilha de Sarah. A moça prisioneira é levada para um hospital receber tratamento médico.

Já na ilha conversações sobre o resgate.

- Sarah quero ajudar você nestes resgates. - digo.

- Quem sabe um dia. Agora você precisa continuar o tratamento. Levei você neste trabalho para que entenda e nunca mais esqueça o poder do pensamento. Pensamentos negativos levaram esta moça para aquela região triste. A oração permitiu que ela fosse resgatada.

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Sempre sinto a presença de Ivy e Sarah. Em momentos de dor e angústia mesmo sem que possa vê-las quando estou desperto em meu corpo físico percebo que elas estão a meu lado, anjos a me ajudar.

Desde que as sinto próximas tenho tido mais esperança em viver embora com muita deficiência física. Há tempos já praticamente não ando mais devido à esclerose múltipla. Tempos difíceis em que às vezes some a vontade de viver e a fé. Saber que espíritos tão bondosos se importam comigo renova minha fé.

Esta semana comecei a meditar por alguns minutos e tem sido bom para mim. Agora mesmo estou ouvindo uma música muito bonita tocada no piano. Estes momentos de relaxamento parecem aumentar minha energia.

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Palco

No mundo físico meu corpo sente os danos neurológicos causados pela esclerose múltipla. Mas pelos últimos exames os neurologistas constataram que a doença está estabilizada, sem danos recentes. Convivo com a enfermidade há quase três décadas e claro que há muitas lesões no cérebro e até na medula. Mas não reclamo. Sou casado e tenho um filho adolescente. Estudei bastante, trabalhei em diversas áreas. Não reclamo.

Sarah, Ivy e eu estamos numa espécie de concha acústica aqui no bosque da ilha de Sarah. Estamos assistindo uma orquestra tocando músicas instrumentais que desconheço. As músicas são muito bonitas e são bem tocadas. Tem em torno de cinquenta pessoas assistindo. Os músicos finalizam e se retiram do palco.

Noite agradável e estrelada na ilha de Sarah.

- André adivinha quem vai tocar agora! - fala Sarah.

Digo que não sei. Não conheço os músicos dali.

Vejo então uma amiga de Sarah vindo até onde estamos trazendo um lindo violão.

- Você vai tocar! - diz Ivy sorrindo.

Sarah empurra a cadeira de rodas até o palco através de uma rampa e Ivy traz o violão. Faz um tempo que não toco violão. Será que vou dar vexame?

A plateia faz silêncio. Ivy e Sarah ficam comigo no palco. No corpo físico tenho dificuldade para tocar violão. Vamos ver aqui... Tudo em silêncio. Todos olham para mim. Escolho tocar no violão um clássico chamado Greensleeves Adoro esta música! Vamos ver se consigo tocar. Como num passe de mágica toco o violão com destreza e perfeição. Acho que nunca toquei assim no mundo físico. As pessoas aplaudem quando acaba a música. Sarah e Ivy me abraçam felizes.

 

 

 

Capela

- André, vou levar você para conhecer a construção de uma capela aqui na ilha. - diz Sarah.

Não sabia que os moradores daqui tem uma religião específica. Pergunto a Sarah sobre este assunto.

- Aqui cada um tem sua forma de se ligar ao Criador. O importante é respeitar as diferenças. A capela que está sendo construída é de alguns irmãos franciscanos.

Sarah empurra a cadeira de rodas por uma trilha no bosque. Logo chegamos e observo a capela circular e feita com um tipo de alvenaria estrutural sem pilares ou vigas. Os operários sorridentes nos cumprimentam.

- Está certa a construção, engenheiro André? - diz Sarah sorrindo.

- Tudo certo. - digo num tom de brincadeira.

No mundo físico não consegui continuar a carreira de engenheiro civil sanitarista. Mas tudo bem. Deus abriu outras portas para mim. Nas obras que trabalhei sempre tinha a estrutura de concreto armado. Não tenho muita experiência em alvenaria estrutural. Mas a obra da capela aqui na ilha de Sarah parece muito bem executada.

TEMPLO DE SARAH

A casa em que moramos foi projetada por mim e também acompanhei a construção. Eu, minha esposa e nosso filho vivemos nesta casa. Agradeço sempre a Deus por esta conquista.

- Sarah qual é sua igreja? Onde você costuma rezar? - pergunto.

- Vou levar você lá. - ela diz.

Ela empurra a cadeira de rodas por algum tempo e no interior do bosque vejo uma clareira muito bonita. Um lugar de muita paz.

- André aqui é onde faço minhas orações. Prefiro estar só neste momento. Na verdade nossa mente é no nosso templo.

O templo de Sarah é sua mente, onde ela se refugia e se fortalece.

A LAGOA DE ALTA DENSDADE

Mais uma noite na ilha de Sarah. Estamos na frente de uma linda cachoeira. Sarah quer que eu treine meditação na cachoeira.

- André, feche seus olhos e apenas escute o som das águas. - orienta Sarah.

Realmente é muito relaxante ouvir este som. Fico um tempo assim é me sinto bem.

- Agora de olhos fechados visualize em sua mente a cachoeira e veja em sua mente que estou com você. Nós dois estamos sentados em frente à cachoeira. Veja em sua mente a queda da água e me veja aí. -diz Sarah.

Realmente eu conseguia ver a cachoeira e também Sarah. Numa visão mental vivo este acontecimento e me sinto bem. Os ninjas são especialistas em meditação na natureza.

Depois de um tempo saio do estado meditativo. Sarah está olhando para mim. Sinto-me muito bem agora. A meditação me fez bem.

Ivy chega e nos cumprimenta. Ela diz a Sarah que podemos usar a lagoa de alta densidade. Nome estranho - penso.

- André, vamos agora caminhar na lagoa de alta densidade. Vai ser um ótimo treinamento para você. - fala Ivy.

Sarah empurra a cadeira de rodas pelo bosque até chegarmos a uma linda lagoa. Despidos entramos na lagoa. Ivy e Sarah me seguram firme, uma em cada braço. Interessante notar que as águas desta lagoa fazem uma pressão tão forte no meu corpo que consigo me manter em pé sem ajuda. A sensação de estar em pé é muito boa. Ivy me fala para dar alguns passos. Com dificuldade consigo caminhar um pouco na lagoa de alta densidade. A partir de agora em várias ocasiões faço o treinamento nesta lagoa em que consigo andar.

AREIA ESCURA

Cada vez que visito a ilha de Sarah recebo tratamento e converso com minhas benfeitoras espirituais, Ivy e Sarah.

Ainda tenho limitações mesmo aqui no plano espiritual, mas percebo algumas melhoras. No mundo físico tenho a esclerose múltipla estabilizada. As sequelas continuam pois minha parte neurológica foi bastante afetada. Mas não reclamo e continuo a vida. Claro que às vezes me entristeço por tantas limitações, mas logo melhoro e sigo em frente. Gostaria de sair andando pela rua e sentir o sol e a brisa em meu rosto, mas tudo bem, quem sabe um dia...

- André, pare de pensar um pouco! Hora do exercício.- diz Sarah.

Ela hoje está vestida com seu traje ninja branco e sem demora me segura e voamos saindo da ilha e cruzando o mar azul. Paramos numa outra pequena ilha. Ivy chega em seguida e nos cumprimenta. Elas me levam até a praia é noto que tem uma areia bem mais escura. Estou sem a cadeira de rodas pois voamos até aqui.

- André, está areia escura tem interessantes propriedades terapêuticas e vamos usar no seu tratamento, pois são energizantes e tratam desajustes neurológicos. - explica Ivy.

Elas então me despem e me deixam na areia escura. Pegam está areia com as mãos e passam em todo meu corpo. Realmente me sinto bem e com mas energia. Fico bastante tempo sendo tratado por este poderoso mineral.

- Hora de se banhar no mar, André.

E dizendo isto, Sarah chama Ivy que nada no mar. Quando Ivy chega elas me levantam e me levam para a água salgada. Banho-me e revigorado voltamos para a ilha de Sarah.

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ANNE

Nesta noite noto Sarah mais introspectiva e triste. O que será que perturba esta guerreira ninja branco? Será que estou atrapalhando? Depois de algum tempo de exercícios pergunto:

- Tudo bem, Sarah? Você parece triste.

Ela então começa a chorar. Seguro suas mãos e digo que me conte o que aconteceu. Depois de algum tempo ela diz:

- Uma pessoa muito querida desencarnou e vive num lugar muito triste.

- Vamos resgata-la! - digo como se fosse um guerreiro ninja.

- Não é simples assim, André. Ela teria que querer sair de lá e orar pedindo ajuda. É o livre arbítrio. - explica Sarah.

- Podemos visitá-la? - pergunto.

- Melhor esperar. Tudo a seu tempo.

Ivy chega e pergunta para Sarah sobre Anne.

- Ela ainda é prisioneira de seus pensamentos negativos. Só o tempo e a dor podem cura-la. E quando ela estiver pronta e pedir ajuda Vamos resgata-la!

Cada vez mais entendo a importância de lutarmos por pensamentos positivos e paz interior. O pensamento cura ou destrói, aprisiona ou liberta.

- André, Vamos agora fazer meditação. - fala Sarah.

Vamos até o bosque para meditar.

 

O RESGATE DE ANNE

O que antes Anne considerava bom, agora é diferente. "Amigos", agora algozes; "festa", agora escravidão. Ela agora escrava numa vila umbralina ora por auxílio.

 

Com a mudança da mente de Anne há a possibilidade de resgate. Sarah e Ivy conversam sobre este assunto. Estou próximo e consigo escutar detalhes da operação.

- André, pode vir aqui. Espere que vou ajudar. - diz Sarah, que rapidamente me auxilia empurrando a cadeira de rodas.

- Ivy, vamos em quinze ninjas branco. Você acha suficiente? - indaga Sarah.

- Conheço está vila. Tem seguranças em seu redor e armamentos. Não são exatamente guerreiros. Acredito que este grupo seja suficiente. - responde Ivy.

- Vamos chamar a atenção deles com explosões e neste momento resgatamos Anne que está presa numa cabana na rua dezesseis no sul da vila segundo informações. Nossa operação de resgate fica marcada para daqui a dois dias às duas horas da madrugada. Vamos a equipe ninja branco e você Ivy, perita em explosivos. Vamos fazer quatro explosões no lado norte da vila e depois usando técnicas de invisibilidade vamos resgatar Anne.

- Posso ir junto? -pergunta.

Elas se entreolham e dizem ser perigoso. Pouco depois chega o Caboclo Pena Dourada e nos cumprimenta e pergunta em seguida:

- Precisam de ajuda neste resgate?

Sarah responde não ser necessário. Mas Pena Dourada percebendo meu interesse em participar diz:

- O André pode ir comigo. Se você concordar, Sarah.

Vendo meu contentamento ela autoriza o pedido do índio guerreiro.

 

A noite do resgate de Anne chega. Meu corpo físico repousa distante e espiritualmente encontro-me na ilha de Sarah. Estou eufórico. Será que vou poder ajudar?

Noite fria e onde estamos posso ouvir as ondas do mar azul.

Sarah comanda a operação e reúne a equipe de ninjas branco e Ivy para definir detalhes do resgate. Mas será que Pena Dourada não vem? Mas então ouço o som de cavalos galopando e gritos de guerra indígenas. Fico emocionado ao ver o Caboclo Pena Dourada e outros seis índios guerreiros chegando.

- Pena Dourada, você fica responsável pela segurança do André. - diz Sarah.

- Fique despreocupada. Ele estará seguro. Tenho alguns guerreiros comigo. Precisa de alguma ajuda? - diz Pena Dourada.

- Sim. Gostaria que você ficasse de prontidão para algum ataque quando estivermos saindo da vila com Anne. - pede Sarah.

O Caboclo Pena Dourada responde afirmativamente e Sarah agradece.

 

Saímos então da ilha de Sarah em direção à vila onde Anne é prisioneira.

Sarah e Ivy me levam voando até um local próximo e me deixam ali com o Pena Dourada e seus guerreiros.

- Vou poder ajudar? - pergunto.

Meu amigo índio sorri e me diz que quem sabe posso ter alguma atividade.

Estamos nos arredores da vila. Sarah, Ivy e a equipe ninja branco já estão no interior da vila. Ouvimos explosões distante e vemos seguranças da vila correrem para lá. O plano está dando certo. Então vejo a equipe de ninjas branco, Sarah. Ivy e Anne saindo da vila. Tudo parece estar bem, mas vários seguranças da vila armados com bastões correm em disparada para atacar nosso grupo. Pena Dourada percebendo a situação coloca seus guerreiros em alerta e com um grito de guerra partimos ao ataque. Estou junto com o Pena Dourada em seu cavalo. Que emocionante!

- Grite bem alto, André!!! - diz meu amigo guerreiro.

Vendo o poderoso ataque dos índios guerreiros, os seguranças da vila fogem amedrontados.

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Hoje eu, minha esposa e meu filho fomos a um shopping. Assistimos um filme no cinema, comemos lanche e vimos a decoração de natal. Eles depois vão a algumas lojas e prefiro os aguardar sozinho ao lado de uma lanchonete. Na cadeira de rodas começo a observar pessoas andando felizes, casais, crianças passeando. Fico um pouco triste com minha limitação física, sendo cadeirante. Num dado instante começo a sentir uma paz interior muito grande e percebo então que Sarah está comigo. Com meus ouvidos espirituais ouço que ela me diz para ficar contente por estar ali passeando com minha família e me diz para olhar para meu lado direito. Então olho e vejo um garoto numa cadeira de rodas. Sinto-me envergonhado. Sarah me diz que gosta muito de nossa amizade e não gosta de me ver triste. Então meu filho e minha esposa chegam e percebo que Sarah sorri feliz.

A noite vem e com meu corpo físico adormecido vou espiritualmente para a ilha de Sarah. Noto que Anne, resgatada na noite anterior, está no bosque com Ivy e Sarah. Percebo que Anne está bem debilitada. Ela olha para mim e observa que mesmo ali sou cadeirante. Percebo que Anne está tão fraca que não consegue andar.

- Vamos levar você ainda hoje Anne para o centro de reabilitação holística das irmãs franciscanas. É um lugar lindo! As religiosas são muito carinhosas e tenho certeza que em algum tempo você vai ficar ótima. - diz Sarah amorosamente.

Anne começa a chorar se lembrando de tudo o que sofreu. Ela mal pode falar por tanta fraqueza. Percebo que Pena Dourada chega a companhia de uma índia muito bonita. Após os cumprimentos, nossos amigos guerreiros indígenas levam Anne para o centro de reabilitação holística das irmãs franciscanas.

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Nesta noite estre!ada Sarah me convida a visitar Anne no Centro de Reabilitação das Irmãs Franciscanas. Ela é Ivy me seguram e voamos através do mar azul, passando por ilhas maravilhosas até chegarmos a um vale muito bonito onde logo avistamos uma pousada aconchegante.

- Veja, André. É o lar das Irmãs franciscanas. - fala Ivy.

Vejo as religiosas colhendo frutos e outras fazendo caminhada em meio ao bosque.

- André, aqui elas tratam pessoas doentes e que muito sofreram. Anne está sendo ajudada aqui, pois está muito fraca e descrente, por tudo o que sofreu.

Vejo Anne ajudando uma franciscana a regar e adubar algumas plantas.

- O trabalho também é uma terapia. Sentir-se útil é um poderoso remédio! - diz Sarah.

- Podemos conversar com Anne? - digo.

Com a resposta afirmativa Vamos até a moça em tratamento. Anne e a franciscana nos cumprimentam cordialmente. Noto que Anne não fica à vontade com minha presença. Ela é uma moça bonita, porém fraca e abatida. Ela pouco olha para mim. Estou sentado numa cadeira de rodas emprestada pelas franciscanas. Anne parece sentir medo e repulsa por mim. Sarah percebe a situação e com um sorriso me acalma. Ivy me apresenta a Anne que me cumprimenta de longe com um sorriso forçado. Eu entendo. Ela sofreu muito.

Algumas religiosas nos convidam a tomar chá e as acompanhamos até um salão cheio de mesas e cadeiras para lanchar. Neste centro de reabilitação só há mulheres. Pode parecer besteira minha, mas e a segurança destas religiosas?

 

Pergunto a Sarah sobre esta questão e ela me diz que não sabe indo conversar com a responsável pelo centro de reabilitação. Sarah e Ivy conversam cordialmente com a irmã Viny, que tem função de comando.

- Obrigada pela preocupação, Sarah. Mas creio que Deus vela por nós.

- Também acredito nisto, irmã. Mas acho que temos que fazer a nossa parte.

Dizendo isto nos despedimos e vamos até o bosque das flores. Que lugar lindo! Flores das mais diversas cores e formas exalam um perfume maravilhoso. Irmãs e pacientes tratam estas lindas plantas carinhosamente. A energia deste bosque é um bálsamo para o corpo e o espírito. Sinto-me muito bem e energizado aqui.

Desencarne Coletivo

Está noite vamos novamente ao vale onde fica o mosteiro das irmãs franciscanas. Vejo um grupo de religiosas orando fervorosamente. É até bonito ver pessoas com tamanha fé.

- Estamos orando pelas vítimas da tragédia ocorrida com os atletas brasileiros de futebol mortos no acidente de avião. - diz uma irmã franciscana.

- Fique tranquilo, André. Passei hoje no local do acidente e várias equipes de resgate espiritual estão trabalhando lá. Todos serão levados a um hospital e receberão o tratamento adequado. - diz Sarah.

Realmente este acidente com os jogadores do Chapecoense chocou o mundo físico! Um desencarne coletivo que emocionou a todos. Estas notícias de ajuda espiritual a estes atletas e todos os que estavam na aeronave aliviam um pouco a dor deste momento. Sarah percebe que estou emocionado e me abraça.

Os Guardiões do Mosteiro

Preocupado com a segurança das irmãs franciscanas do vale que visitamos pergunto a Sarah como poderia ser feita a proteção do local. Ela me diz que existe desde barreiras elétricas até segurança feita por pessoas especializadas.

Nesta noite o Caboclo Pena Dourada vem visitar a ilha de Sarah. Ele me conhece bem e entende minha preocupação.

- André, venha comigo. Quero mostrar algo a você.

Então ele pergunta a Sarah se autoriza o passeio e ela responde afirmativamente. Então ele me coloca em seu cavalo e juntos galopando chegamos ao vale das irmãs franciscanas. Um pouco afastado do mosteiro vejo vários guerreiros indígenas.

- Observe, André. São protetores do mosteiro. Aqui também as pessoas e os lugares precisam de proteção, senão ficam alvo fácil de desordeiros. - diz Pena Dourada.

- Veja você mesmo. - ele diz.

Observo um grupo de homens tentando passar pela linha de proteção, dizendo que estão famintos. Eles tentam se passar por cordeiros, mas não enganam os índios guerreiros.

- Queremos Anne! Ela é nossa! - gritam os arruaceiros.

Os índios então investem contra os desordeiros, que fogem correndo.

- Percebe André, como a proteção aqui também é necessária?

Fico aliviado por ver que as religiosas do mosteiro e as pessoas em tratamento estão protegidas.

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Natal

A ilha de Sarah tem muitas construções decoradas para o natal. Aqui tem pessoas que na Terra seguiram religiões diversas, desde cultos cristãos, espiritualistas e orientais e também aqueles que não tem nenhuma doutrina específica. O mais importante é que há muito respeito e todos convivem harmoniosamente.

No bosque por exemplo tem uma pequena capela dos devotos de Santa Bárbara. Com a proximidade dos festejos de natal tudo está bem enfeitado. Várias casas da vila tem enfeites diversos. Numa das casas tem uma gruta com um presépio muito bonito. A fé destas pessoas é muito forte

As ruas da vila tem enfeites natalinos e luzes piscando.

Hoje Sarah, lvy e eu estamos nadando no mar azul. Com mar calmo e segurando uma prancha pequena movimento minhas pernas. Sarah e Ivy estão nadando perto de mim.

- Você está conseguindo movimentar melhor as pernas! - diz Ivy sorrindo.

Como já disse mesmo aqui uso cadeira de rodas.

- Muito bem, André! - fala Sarah.

As águas do mar azul são muito energizantes. Sinto-me bem.

Gosto muito de vir aqui na ilha de Sarah e de conviver com Ivy e Sarah, minhas amigas e benfeitoras espirituais.

...

Blecaute

Com o tratamento que venho recebendo na ilha de Sarah apresento algumas melhoras. Ainda uso a cadeira de rodas aqui, mas está um pouco mais fácil para levantar e os braços estão um pouco mais fortes e com mais coordenação.

Esta noite o Pena Dourada também está aqui na ilha. Ele vem acompanhado de uma índia e vem com um cavalo a mais. O cavalo parece manso e seu pelo negro é muito bonito.

Estou olhando o mar é Ivy, Sarah e Pena Dourada conversam distante de mim.

- André, o Pena Dourada tem uma surpresa para você. - diz Sarah.

Meu amigo índio então vem em minha direção puxando o cavalo negro.

- André, trouxe este cavalo para você montar. Ele é muito manso e parece gostar de você.

O animal vem bem perto de mim e encosta a cabeça no meu braço.

Pena Dourada coloca um encosto de costas sobre o cavalo e me colocam montado, apoiando as costas no encosto e preso por cinto de segurança. Fico bem firme e seguro.

- Dê um nome a ele, André! - fala meu amigo índio.

- Blecaute. O nome dele é Blecaute. - digo.

No mundo físico tivemos um cachorro labrador de nome Blecaute e o chamávamos de Black. Quando ele morreu foi muito triste. Chorei muito...

- Gostei do nome! - diz Pena Dourada.

- Também gostamos do nome! - dizem Sarah e Ivy.

Pena Dourada vem perto de mim e analisa se estou bem seguro. Depois desta análise ele ,andando, puxa Blecaute e começo a galopar. Sinto-me seguro e feliz. Estou gostando muito desta experiência. Depois de algum tempo ele solta o cavalo que anda tranquilamente comigo. É um animal bem manso e passeamos bastante na ilha de Sarah.

 

Meu corpo físico repousa distante e estou espiritualmente na ilha de Sarah.

Ao dormir fisicamente nosso espírito viaja. São vivências muito bonitas e intensas. São lugares lindos que estou conhecendo e pessoas maravilhosas, verdadeiros anjos bons que me ajudam sem querer nada em troca.

Pena Dourada, agora montado em seu cavalo branco, vem perto de mim e Blecaute.

- Vamos galopar na praia, André!

 

Dizendo isto meu amigo índio corre em direção à areia da praia. Que maravilhoso o mar azul! Então neste entardecer galopamos nas areias do mar azul.

Olhando para o mar infinito penso na imensidão da vida sem fim. Penso também em tudo que vou aprender aqui, nas pessoas que conhecerei e nos lugares que vou visitar.

 

FIM